четверг, 12 июня 2014 г.

Maidan ou Horda?

Enquanto na praça central de Lugansk os aviões de guerra do exército ucraniano matavam aos civis com os cohetes não dirigidos (confirmado pela OSCE), no Centro Sakharov de Moscou [1] foi realizada a conferência "Maidan ou Horda?" [2], onde os liberais, nacionalistas e certos islamitas russos aplaudiram os crimes de guerra de Kiev. 

Conforme a estrela principal do ”aquelarre”, escritor Alexei Shiropaev (nacionalista étnico, torcedor do colaboracionismo de Andrei Vlásov [3]) a verdadeira Rússia é a Ucrânia atual, quando a Rússia atual é só um usurpador do nome orgulhoso "Rus’".

A Rus’ do Nordeste, já na etapa de mudança de sua capital de Kiev para Vladímir caiu para fora da tradição "democrática" de Kiev-Novgorod. Para Alexei Shiropaev o primeiro tsar autocrata da Rus’ de Nordoste Andrei, que ama a Deus, rompendo com o parlamentarismo oligárquico de Kiev e Novgorod, virou também o primeiro mongol-judeo-bolchevique antes dos mongóis e antes dos "judeo-comunistas" [4].

"Andrei, que ama a Deus é o primeiro inimigo do Maidan", - proclama Alexei Shiropaev. Se os radicais neonazistas bramam em Odessa depois de ter queimado vivos quase 100 ativistas pró-Rússia: "Putin é piroca!", Alexei Shiropaev lhes apoia desde o Centro Sakharov de Moscou: "Já Andrei, que ama a Deus também foi o mesmo piroca!"

A "Horda" para os nacionalistas, neonazistas, liberais e esquerdistas é o estatismo da Rus’ de Vladimir, cimentado no período dos mongóis, que perdura na Rússia até hoje. 

"O tsarismo de Moscou é uma mutação monstruosa da Rus’ de Kiev, que conduziu à perda total das qualidades originais", - disse Alexei Shiropaev. - Quando "Maidan" é um teste universal da russidade". 

Não comentamos aqui que a mesma palavra "Maidan" é de origem árabe, igual que os penteados e uniformes teatrais dos cossacos travestis de Maidan de hoje [5], que se supõe que são os verdadeiros russos, foram copiados das modas da Turquia medieval.

Alexei Shiropaev é um falsificador banal da história, narrador de contos de fadas para os skinheads. Já escrevemos antes, como os nacionalistas étnicos russos sonham com o status do protetorado oficial dos EUA ou pelo menos um estado nacional tipo República Tcheca ou a Estônia [6].

"A Rússia <Horda> é nosso inimigo, a isso se reduz todo nosso programa político", - expressou o credo dos liberais e etno-nacionalistas o filosofo Mikhail Verbitski.

Ideologema de "Horda"

A palavra "Horda" está carregada negativamente tanto para a maioria dos russófilos como para os russófobos. Conforme ao dicionário online de português: "horda" significa: 1) tribo tártara, 2) povo nômade, 3) bando de pessoas indisciplinadas, de malfeitores". No discurso científico "horda" é "arcaização e regresso, ocupação e saque, etc." 

A invasão do fascismo pan-europeu no tempo da Grande Guerra Patriótica na retórica soviética foi comparada com a ocupação das hordas dos mongóis.


Mas os fascistas também demonizavam aos russos, incriminando-lhes a maldição do sangue mongol. Alfred Rosenberg, ideólogo principal do nacional-socialismo alemão, expõe em sua obra "O Mito do Século XX" esta ideologema de "Horda": "Outrora a Rússia foi fundada pelos vikings, elementos germânicos erradicaram o caos da estepe russa e pressionaram aos habitantes dentro de formas estatais possibilitadoras de cultura [7]. Este rol do sangue viking em extinção o retomaram mais tarde as Hansas alemães e em geral os imigrantes ocidentais à Rússia; na época desde Pedro o Grande os bálticos alemães, para o inicio do século XX - os povos bálticos, também fortemente germanizados [8]. Mas baixo a camada superior portadora da cultura na Rússia sempre cochilava a ânsia por uma ilimitada expansão, a vontade impetuosa de pisotear todas as formas de vida, sentidas como simples barreiras. O sangue misturado com o mongol entrava em ebulição em todos os choques da vida russa, mesmo em forte diluição, e arrastava aos homens a ações que ao próprio indivíduo, muitas vezes lhe tenham parecido incompreensíveis. Esta inversão repentina de todos os sinais éticos e sociais que retomam continuamente na vida russa e na literatura russa (de Chaadaiev a Dostoievski e Gorki) são uma indicação de que as correntes sanguíneas inimigas lutam umas contra outras e que essa luta não vai acabar antes de que uma força de sangue triunfe sobre a outra. O bolchevismo significa a rebelião do mongolóide contra as formas culturais nórdicas, é o desejo pela estepe, é o ódio do nômade contra a raiz da personalidade,significa a tentativa de livrar-se da Europa em si.

A raça báltica-oriental, dotada de muitos dons poéticos, resulta - ao estar impregnada do sangue mongol - barro, dúctil nas mãos dos condutores nórdicos ou de tiranos judeus e mongóis. Ela canta e dança, mas assassina e solta sua fúria ao mesmo tempo; é devotamente fiel, mas quebrando em formas relaxadas, desenfreadamente traiçoeira. Até que é forçada dentro de novas formas, embora sejam da natureza tirânica". 

Os nazistas em sua propaganda eram muito mais claros do que seus discípulos liberais de hoje. A Ucrânia (Maidan) "canta e dança", enquanto a Rússia (Horda) "assassina e solta sua fúria, livrando-se da Europa em si". 

Os fascistas não eram os pioneiros, culpando à Rússia no asiatismo hordáico: os paralelos semelhantes são uma ideia fixe da russofobia europeia: em qualquer de suas variantes, seja o tsarismo de Ivã o Temível, o império de Pedro o Grande, a URSS de Iosif Stalin, a Rússia sempre fica a sucessora da Horda de Ouro, doente cronicamente de "asiatismo". 

Com isso a Horda de Ouro é um conceito convencional, um clichê ideológico, que geralmente significa uma inversão absoluta do Ocidente.


Por exemplo, para os liberais de hoje, a Rússia atual, a URSS, o império dos Romanov, o tsarismo de Moscou são a Horda de Ouro, pela falta de paradas gay, ou seja pela falta de assim chamada sociedade civil e o mercado. Quando "as instituições de Horda" estão enraizados muito profundo: a supremacia da propriedade estatal, a imobilidade do poder, o coletivismo, etc. 

Conforme aos etno-nacionalistas na Rússia de hoje igual que na época de Horda de Ouro os grupos de oligarcas locais oprimem o povo russo com apoio das máfias étnicas dos chechenos, dagestanêses, tártaros, etc. Igual que na URSS os grupos internacionais oprimiam aos russos com apoio das elites asiáticas e judaicas. Igual que antes da URSS os Romanov oprimiam aos russos com apoio dos castigadores-cossacos e funcionários alemães e antes dos Romanov, os tsares russos oprimiam aos russos com apoio dos mongóis. 

A demonização da "horda" pelos russófobos estrangeiros e os liberais e etno-nacionalistas russos leva ao fenómeno de que aparecem os ideólogos que até negam o fato histórico do jugo dos mongóis ou vem nele somente o lado positivo (os euroasistas de Alexandr Dugin até chegam ao culto do barão sádico Ungern von Sternberg [9]) 

"Horda" de fato 

Sem dúvidas o período da invasão mongol foi um período da ocupação, mas os mongóis não realizaram na Rússia um genocídio como na China. Ao mesmo tempo o Império Mongol não somente passou à Rússia suas superavançadas tecnologias de guerra, mas também os mongóis trouxeram para a Rússia a cultura estadista da conquistada por eles China: centralização, a severa disciplina dos funcionários, destruição da influência de nobreza tribal, meritocracia, pagamento de impostos através da responsabilidade mútua, etc. A administração na Rússia no período da Horda de Oura estava na altura, que seria possível na Europa somente no tempo de Napoleão. A China nesse tempo tem superioridade cultural absoluta sobre Europa: é importante que eram os europeus que sempre procuravam conquistar o Leste, enquanto as civilizações do Leste não tinham muitas ganas de ir para Europa. 


Repetimos que a Horda virou o condutor da modernização chinesa da Rússia. Nesse período a Rússia apreende as tecnologias chinesas de fundição de ferro, de produção de pólvora, de uso do arado chinês, etc. Copiamos a roupa chinesa (o famoso gorro "ushanka" e botas de feltro), técnicas decorativas, construção de casas com armações, etc. Da China foi trazido para a Rússia o ábaco, que vai migrar da Rússia para Europa só uns século mais tarde. 

Ao mesmo tempo a conquista da Rússia provocava uma constante resistência e para o século XIV já eram os russos que administravam os impostos no país e não os mongóis como na primeira etapa da conquista. Reconhecendo o poder dos mongóis os russos recuperaram o país e superaram a Horda de Ouro.

Por certo a cultura persa também veio a Rússia no contexto da Horda de Ouro. Pérsia e China são grandes civilizações antigas, que superavam Europa em seu tempo, não se pode comparar o estado atual dos países asiáticos com seu estado na Idade Média - é a mesma coisa que comparar os italianos de hoje com os romanos do Império de Roma. Não temos que ver nada mal nas modernizações da Rússia ao estilo chinês e persa na época dos séculos XIII-XV. Além disso, não se pode reduzir a história da Rússia ao período de horda: na época de Ivã o Temível o país se orientou à experiência da Turquia, no período de Pedro o Grande copiamos a modernização da Holanda, Nikolai I copiava a experiência da Prússia, os soviéticos aceitaram muitos elementos da industrialização americana. 

Ideologema de Maidan 

Conforme o mito histórico de Maidan - os fronteiriços Novgorod e Kiev supostamente foram menos infectados pelo "asiatismo" e, portanto, eles conseguiram conservar sua "genética europeia" (normando-bizantina ou alemã, como lhe gostaria crer a Rosenberg) no maior grau. É por isso é que a Ucrânia não é a Rússia, quando a Rússia é um mutante sino-irano-mongol. 

O herói principal desse ideologema é o príncipe Daniel Romanovich da Galícia (periferia ocidental da Rússia), que a diferencia do príncipe de Vladímir (o centro da Rússia) Alexandr Nevsky desafiou a Horda de Ouro e no resultado como creem os neonazistas ucranianos e seus simpatizantes Daniel Romanovich conservasse melhor a "verdadeira russidade". Essa "verdadeira russidade" se manifestou na traição de hetman Ivã Mazepa a Pedro o Grande, na resistência branca, pagada pelos alemães, aos bolcheviques, no colaboracionismo de Stefan Bandera com os nazistas alemães e na orientação atual de Kiev para a UE. 

Maidan de fato

É verdade que ao contrário de Alexander Nevski, Daniel Romanovich tinha uma posição geopolítica muito mais favorável e podia opor certa resistência à Horda de Ouro. Mas como é bem conhecido, sua resistência ficou sem sentido na prática: ao final das contas Daniel Romanovich foi subordinado pelo general mongol Burundai. Não lhe ajudou a coroa recebida de mãos do Papa de Roma, quando o dano sofrido pelo território da Galícia-Volínia foi significativamente maior do que o dano sofrido pela Rus’ do Nordeste (de Vladimir). Com isso o principado de Galicia-Volínia perdeu sua independência, dissolvido na Lituânia e Polônia, continuando pagar o tributo à Horda de Ouro e mais tarde ao Khanato de Crimeia.

No resultado da aventura de Daniel Romanovich seu prinicipado perdeu a identidade russa (aceitando o catolicismo), perdeu a independência e desapareceu para sempre da história. Quando no resultado da política de Alexandr Nevski a Rus’ de Vladímir superou a Horda de Ouro e se transformou na Rus’ de Moscou. Por que Alexandr Nevskiï não passou pelo caminho de Daniel Romanovich? Porque depois da batalha no rio Neva ele entendia que o "Ocidente" no plano militar não era um aliado sério, quando as consequências de sua ajuda temporal poderiam ser destrutivas para a Rússia. Como sabemos hoje ele tinha toda a razão. 

Por causa da aventura de Daniel Romanovich as periferias do Sul da Rússia viraram um polígono milenário para as inteligências ocidentais, lutando contra a Rússia. Heróis de Maidan é um panóptico dos traidores, que até se nos supomos que tenham algum sono de independência, na realidade sempre vendem seu povo à Polônia com Lituânia (Daniel Romanovich), ou à Polônia com Suécia (hetman Ivã Mazepa), ou à Alemanha (Stefan Bandera), ou aos EUA, como a elite atual da Ucrânia.

O projeto pós-soviético da nação ucraniana não tem nenhum programa positivo e se constrói só sobre a negação da "russidade", na realidade sobre a russofobia. Os russos não sentiram nada salvo a piedade aos radicais ucranianos, fanatizados pelo mito de Maidan.


A pergunta "Maidan ou Horda" não é correta, a pergunta é "Europa e sua encarnação mais radical - EUA ou a Rússia", desaparecimento ou conservação histórica. 




5. a mesma palavra "cossaco" é de origem tártara, igual que o famoso grito "hurrá" dos militares russos. Os primeiros cossacos eram os tártaros que passaram para o lado dos russos e serviam de guardas de fronteiras. Esse termo nunca teve na Rússia uma conotação étnica, os cossacos eram um estrato social: ao abandonar o serviço de guarda de fronteira (nas "ucrânias" (periferias) da Rússia no Sul (a Ucrânia atual) ou nas "ucrânias" da Rússia do Leste (o Cazaquistão atual) os cossacos deixavam de ser os cossacos).
7. É uma visão ultra simplista, olhem o contexto do inicio da Rússia:
8. O próprio Rosenberg era cidadão do Império Russo, nasceu em Reval (Tallinn), na atual Estônia, que era parte do Império Russo naquele tempo. 

вторник, 10 июня 2014 г.

na Ucrânia assistimos uma agressão do $ contra o €

- O que quer o grupo governante dos EUA na Ucrânia?

1) Destruir o mercado energético da Europa para ligar o Velho Continente a seus projetos energéticos de produção de gás de xisto [1]

2) Por um cordão sanitário entre a UE e a Rússia, isolando os sócios e dividindo a Europa (o cordão sanitário da Rússia está formado pelos países do Leste da Europa, os servos mais fogosos dos EUA) [2]. Para isolar a Rússia no sul se desenha outro cordão formado pelos países como Turquia, Geórgia, Azerbaijão e em perspectiva: Kazaquistão, Uzbequistão, Kirguistão, Turquemenistão e Tajiquistão). Em outras palavras, “exumar” e ampliar os Planos Intermarium e Prometeu, idealizados pelo ditador polonês Jozéf Piłsudski nos anos 1920 (o primeiro parcialmente realizado com a entrada dos países bálticos e da Polônia na OTAN a partir de 1999 e o segundo parcialmente realizado em 1991 com a desintegração da União Soviética), assim como do “Cordon Sanitarie” de Georges Clemenceau, feito logo após a Guerra Civil Russa.

A tarefa principal dos EUA por agora é enfraquecer a Rússia, ganhar o mercado da UE e conservar seu protetorado sobre a UE (a famosa frase da diplomata americana Victoria Nuland "Fuck the EU" expressa muito claro a política dos EUA em relação a Europa: não esqueçamos que a UE está ocupada pelas tropas dos EUA).

As ferramentas principais dos EUA são um clássico golpe de estado (Maidan, protagonizado pelos liberais e neonazistas) e uma junta das forças pró-EE.UU. [3.]

Com isso não importa se a Ucrânia vire uma nova Somália ("campo selvagem" que exporta a instabilidade), um novo Kosovo (narcoestado e uma base de OTAN) ou uma Bulgária (economicamente destruída e privada de sua soberania).

Provavelmente a Ucrânia conforme os EUA seria uma síntese de todas essas opções.


- O que quer o grupo governante da UE na Ucrânia?


1) Conservar o mercado energético europeu (não coincidem nisso com os EUA), talvez, baixar um pouco os preços de gás russo, suspendendo temporalmente o projeto de gasoduto "South Stream".

2) A UE precisa de uma Ucrânia relativamente viável, que não seria nem um narco estado, nem uma nova Somália (isso vai prejudicar a UE diretamente!).

3) A UE quer obter na Ucrânia um novo mercado de 45 milhões de consumidores para seus produtos.

4) Também a Ucrânia pode virar uma saída para o mercado de 145 milhões dos consumidores russos (a Ucrânia como um país de trânsito de produtos europeus para a Rússia).

5) Vemos que os europeus não estão interessados na destruição da Ucrânia: os idiotas úteis ucranianos tem que trabalhar em algum lugar para pagar os créditos europeus (os créditos não podem ser pagado somente com a prostituição das mulheres), etc. E aqueles que vão perder seu trabalho serão recrutados num exército de fura-greves para o caso de manifestações dos filisteus europeus decepcionados pela perda de seu estado de bem-estar social.


- O que quer o grupo governante da Rússia?


1) Conservar o mercado energético europeu (coincide nisso com a UE). Esse negócio dá a Rússia as opções para reindustrializar sua economia.

2) Conservar uma Ucrânia relativamente viável, que não seria nem um narco estado, nem uma nova Somália (coincide nisso com a UE). Isso significa em primeiro lugar conservar a cooperação russo-ucraniana na indústria militar, falamos das fábricas de Novorossiya, da parte pró-Rússia da Ucrânia, que pode virar a primeira vítima da política da junta pró-EE.UU. na Ucrânia, da mesma forma com que aconteceu na Croácia nos anos 1990 com a região de Krajina, até então o grande reduto pró-Iugoslávia do país.

3) Para conservar uma Ucrânia relativamente viável precisamos da federalização da Ucrânia (uma garantia de sobrevivência da Novorossiya [4]). A reincorporação da Novorossiya é desejada, mas não é possível atualmente, porque a Rússia mesma ainda não representa um modelo a seguir para 100% da população das regiões da Novorossiya.

A Rússia agora tem que ganhar o tempo para que os EUA vão embora, estrangulados por sua dívida interna. Para que na Europa vão embora as elites atlantistas, que arriscam as vidas dos europeus pelos interesses dos EUA: já vemos que nas eleições para o Parlamento Europeu ganha a "nova direita" pró-Rússia (a exemplo do Front National na França e do Jobbik na Hungria). Também precisamos de tempo para mobilizar dentro da Rússia nossa própria economia e sociedade, deprimidas pelo cinismo das corruptas elites oligárquicas.

Obviamente na Ucrânia assistimos uma guerra do dólar dos EUA contra o euro da UE, é uma luta pela Europa entre os EUA e nova família dos países rebeldes: BRICSA. 


Um compromisso para a Rússia e a UE poderia ser a recreação da Novorossiya pelo menos no marco de uma Ucrânia Federalizada, mas obviamente isso não convém ao dono do mundo - aos EUA e esse rejeito já foi denunciado por sua marionete - presidente Poroshenko.


1. http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/48432-o-filho-de-joe-biden,-vicepresidente-dos-eua,-novo-diretor-de-uma-empresa-petroleira-ucraniana.html

2. http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_06_09/Uniao-Europeia-utiliza-novos-membros-comunitarios-na-luta-contra-Russia-9074/

3. http://guiademoscou.blogspot.ru/2014/03/dividir-ucrania-para-conquistar-russia.html

4. A Novorossiya, aliás, a Nova Rússia, é uma região do norte do Mar Negro, conquistada pela Rússia durante as guerras contra a Turquia no final do século XVIII, no reinado de Catarina a Grande (r. 1762 – 1796). Até agora são territórios da Ucrânia menos infectados pelo neonazismo ucraniano, mais pró- Rússia, são regiões mais industrializadas, que geram a maior parte do PIB da Ucrânia e ao mesmo tempo são as regiões mais marginalizadas e satanizadas pelas elites de Kiev durante os últimos 20 anos.

Redacção de Eduardo Consolo dos Santos

Crimeia e Donbass: éxito e fracasso?


O caso da Crimeia

bandeira da República de Crimeia
A reintegração da Crimeia foi realizada como uma operação modelo. "Falam de intervenção russa na Crimeia, de uma agressão. É estranho escutar isso, - disse o presidente da Rússia Vladimir Putin (os radicais ucranianos o chamariam "o khan de hordas euroasiáticas"). – Não lembro na história de nem um só caso no qual uma intervenção tenha sido realizada sem um só disparo e sem vítimas".

A reintegração da Crimeia é aceita positivamente pela maioria dos russos, até pela maior parte dos opositores ao regime de Putin: dos libertarianos até os nacional-bolcheviques. Histórica, ética e juridicamente essa reunificação da Rússia é impecável.

Os fatores que ajudaram a essa reintegração pacífica:

- Interesse vital do Kremlin de conservar sua presência no Mar Negro

- Esmagadora orientação pró-Rússia do povo da Crimeia.

- Ausência do fator oligárquico na Crimeia (ninguém na Crimeia esta orientado às elites corruptas de Kiev, acostumadas a chantagear tanto à Rússia como à UE).

- Presença das tropas russas conforme o acordo com a Ucrânia, que puderam prever os atentados de neonazistas como em Odesa, 2 de Maio de 2014.

Queremos dar palavra ao poeta Andreï Poliakov, antissoviético e nacional-democrata, frequentemente convidado para os jornais de hipsters, morador da Crimeia (Simferopol), que deveria estar ao lado dos golpistas pró-EE.UU:

"Eu tenho que dizer, que eu nunсa em minha vida vi tal euforia, tal sentimento de festa, explosão de emoções, quando no tempo do referendo faz 2 meses. <...>. Isso foi uma euforia absoluta! Eu lembro naqueles dias eu peguei a gripe, eu tinha uma febre de 39 graus, mas embora a febre eu fui votar. Haviam pessoas ao meu redor, muitas bandeiras, muita gente. Votei naturalmente por integração com a Rússia. Logo eu mal voltei a casa... Mas eu tinha que fazer isso, porque eu não poderia não fazer isso, por assim dizer. Isso foi um ato existencial, não um ato político. Eu percebi que este meu carrapato, naturalmente, não mudaria nada, mas eu tive que dar este passo, foi importante para me entregar meu voto. Isso era um movimento existencial. <...>. A gente mudou de certa forma. A gente se concentrou, se tornou gentil, sorriente, alegre. Eu lembro de fatos cotidianos, que pareсem ser inventados... Por exemplo, eu passo pelo monumento a Bogdan Khmelnitsky, e há flores ali. Eu não sei, talvez tenha sido algum tipo de oferendas rituais, pode ter sido algum tipo de motim. Mas não havia muitas flores, parece, foi alguém que as trouxe. E no monumento está escrito: "Com a Rússia para sempre". E deste monumento se aproxima uma mulher, uma jovem mãe com sua filha. A mãe disse alguma coisa para ela, apontando para o monumento, explicando, e a criança começa a gritar: "Rússia! Rússia!". Isso não é um quadro inventado. O povo mudou de certa forma. Nós, na verdade, estavamos à beira de um abismo. Ficamos parados na beira da terrível sangue. <...> E nós só seguramos na borda do penhasco. E o fato de que voltamos à Rússia tão suavemente, "eco-friendly" - é uma grande alegria! <...> A maioria das pessoas olham para a Ucrânia com horror".


O caso das Repúblicas Autoproclamadas de Donetsk e Lugansk


bandeira da Novoróssia
Todas as pessoas não indiferentes sabem que a Ucrânia durante os últimos 2 meses está em guerra civil, o exército da Ucrânia golpista, sob pressão da Guarda Nacional, luta contra o povo das províncias de Donetsk e Lugansk, que proclamaram sua independência do governo golpista de Kiev.

Para Kiev e seus patrões dos EUA a gente das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk são separatistas e/ou terroristas. Para o povo das repúblicas autoproclamadas o governo atual de Kiev é ilegítimo: a mitade dos ministros são neonazistas dos partidos mais radicais, o presidente, cuja eleição é questionável é um oligarca, a Guarda Nacional, que serve como tropas de barreira para o Exército, também está formada pelos neonazistas. Os altos mandos do governo de Kiev mais de uma vez insultaram a gente do Sudeste do país, manifestando seu desprezo e odio: "Prometam-lhes qualquer coisa, e depois os vamos enforcar" (palavras de vice-governador de Dniepropetrovsk, Boris Filatov).

Todo o mundo viu o vídeo de uma mulher de Lugansk desmembrada por um bombardeio de avião militar do exército ucraniano. Cada dia o novo governo de Kiev aumenta sua lista de crimes de guerra:

- bombardeio do povo pacífico de aviões de guerra com os foguetes não dirigidos [1]

- fogo massivo contra as cidades de lança-foguetes múltiplos tipo GRAD [2]

- sequestro e assassinato de jornalistas [3]

- assassinato dos combatentes feridos e medicos em hospitais [4]

- tentativas de envenenamento dos rios e destruição de infraestrutura vital (hospitais, jardins de infância, etc.)

- bloqueo das cidades (Donetsk e Lugansk ja não tem suficientes medicamentos, produtos, etc.)

Resultado de crimes de guerra das marionetes dos EUA na Ucrânia são milhares dos refugiados que correm das províncias atacadas pelo exército para a Rússia e para outras províncias da Ucrânia [5.].

A rebelião de duas províncias do Leste é muito perigosa para Kiev: essas províncias pró-Rússia são as regiões mais industrializadas do país, que geram a maior parte do PIB da Ucrânia.

Além disso, no caso da vitória dessas repúblicas autoproclamadas as demais províncias do Sudeste podem se rebelar contra Kiev, que virou um governo dos oligarcas e fanáticos, dirigidos desde os EUA em interesses dos EUA (destruição do mercado energético da UE, isolamento da Rússia, "somalização" da Ucrânia, exumação do Plano Intermarium).


Também é importante que ideologicamente está ficando muito atual o projeto de Novorossiya (ou seja Nova Rússia), são territórios pró-Rússia da Ucrânia atual, que historicamente eram partes da Rússia (entraram na Ucrânia pelo voluntarismo marxista dos governos soviéticos e agora se sentem confusos), estão povoados por gente etnicamente russa, que ainda não é tão infectada pelas ideias russofóbicas. Como o nível de vida na Ucrânia pós-golpe vai deteriorar (igual que isso passou nos países bálticos ou Bulgária depois da perda de sua soberania no marco da UE), a gente dos territórios de antiga Novorossiya terão cada vez mais ressentimento e mais motivos para separação da Ucrânia. Além de isso depois do atentado em Odesa para muitos russos e ucranianos antiga "Ucrânia" ja se acabou, eles não reconhecem o novo estado neonazista, vassalo dos EUA e não querem viver em esse país.

Ao mesmo tempo pese a resistência heróica e rensсimento da ideia de Nova Rússia as repúblicas autoproclamadas ainda não dão certo!

- a rebelião não tem apoio da Rússia: presidente Vladimir Putin apelou a adiamento dos referendums por independência de Kiev [6], quando justo naquele tempo havia lacunas da legitimidade de Kiev que justificaram essas manifestações de vontade dos povos fartos de linguicídio (assimilação por lingua) e ucrainização forçada.

- no leste da Ucrânia é muito sensível o fator oligárquico: as províncias rebeldes sofrem mais com o exército privado do oligarca Igor Kolomoiski, posto por Kiev como governador de Dnepropetrovsk, do que do exército regular da Ucrânia, que não quer guerrear e se rende em massa. 

Além disso, alguns oligarcas como Rinat Akhmetov apoiam certas formações militares das repúblicas autoproclamadas e resulta que enquanto os idealistas pró-Rússia guerream exitosamente na frente, os demais não fazem nada na traseira, esperando o tempo quando eles possam vender sua resistência mais caro!

- É possível que os líderes da rebelião tenham falhado esperando em vão a ajuda do Kremlin. Seu plano era involucrar o Kremlin no conflito para ativar os processos da mobilização dentro da própria Rússia, que ficaria isolada no resultado de sua "agressão" contra a Ucrânia desestabilizada pelos EE.UU. Mas o grupo governante de Putin tem medo de perder o mercado energético da UE, eles não tem muita iniciativa, preferindo o jogo de defesa.

É curioso que os milicianos das províncias rebeldes estão dirigidos pela "literatura patriótica russa". O comandante que tem mais autoridade é um poeta e fã de recreações históricas Igor Strelkov (ministro da defesa da República Popular de Donetsk), seu braço direito é um escritor fantasta, coronel de tropas de DAA, Fiodor Berezin, entre os voluntários da Rússia (são uns 10% das milícias) estão os discípulos do escritor clássico Eduard Limonov, líder do Partido Nacional-Bolchevique (proibido pelo grupo de Putin).

- Enquanto um punhado dos românticos já mais de dois meses sem nenhuma ajuda do Kremlin guerreia exitosamente contra todo o exército da Ucrânia (consultado pelos militares de OTAN, financiado pelos créditos dos EUA, reforçado pelos mercenários de todas partes), as elites da República Popular de Donetsk perdem sua fraca legitimidade sem conseguir o controle operativo sobre a região (basta dizer que as provincias rebeldes continuam pagando 70-80% dos impostos para Kiev). Pese a referendum que disse "sim" a independência de Kiev, os grupos governantes das repúblicas autoproclamadas não estão consolidados e não conseguiram firmar um "contrato social" com o povo das repúblicas autoproclamadas. A gente (o povo) não quer fazer muito para sua independência, esperando que os russos lhes ajudem como a Rússia ajudou a Crimeia. 

Sem urgente ajuda da Rússia (militar, organizacional, financeira) a rebelião anti- golpe está fadada ao fracasso. Os jornalistas ganharão seu dinheiro e glória ("eu estive aí!"), os lideres vão ser evacuados para a Rússia ou Bielorrússia e milhares dos românticos pró-Rússia e locais pacíficos ficaram para sempre nas listas dos desaparecidos, liquidados pelos radicais neonazistas.

"Aquela ajuda, que vem da Rússia agora, foi necessária um mês atrás, quando ela pôde trazer um grande sucesso. Agora esse apoio dos voluntários mal nos ajuda ficar em pé, mas sem chance de virar o jogo a nosso favor. <...> Precisamos da ajuda da Rússia como do ar!" - escreve em seu informe de dia 8 de junho comandante Igor Strelkov.

Mas para a Rússia o custo de tal ajuda é o projeto de gasoduto "South Stream" [7]. É possível que o grupo de Putin vá trair essa rebelião pró-Rússia e 10 milhões de russos na Ucrânia se tornarão gente de 2ª classe como os russos nos países bálticos.

gasoduto russo South Stream e sua alternativa ocidental "Nabucco"
Fontes de informações:

1. http://www.prensalatina.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2746941&Itemid=1

2. http://www.diariodarussia.com.br/internacional/noticias/2014/06/08/recomecam-os-combates-no-leste-da-ucrania/

3. http://actualidad.rt.com/actualidad/view/130384-ucrania-desaparecer-periodistas-rusos-guardia-nacional-requisar

4. http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/exercito_assassina_milicianos_hospitalizados

5. http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/milhares-de-ucranianos-cruzaram-fronteira-diz-medvedev

6. http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3849439

7. http://pt.euronews.com/2014/06/09/bulgaria-suspende-construcao-do-gasoduto-south-stream/

Redacção de Eduardo Consolo dos Santos