понедельник, 28 сентября 2015 г.

Sobre a romantização dos anos 90

Faz pouco nas redes sociais da Rússia aconteceu um flashmob sobre as memórias pessoais dos anos 90 do século passado. A ideia desta ação foi dizer que os anos 90 foram um período revolucionário, da quebra do "sistema", de muitas possibilidades, da Cultura 1, etc. Dizem, que o promotor da romantização dos anos 90 era a Fundação Boris Iéltsin e midia liberal, contratista deste Fundo.

Em primeiro lugar eu lembrei dos anos 80, quando eu tinha 5-9 anos. Aquela década foi muito segura. Eu brincava na rua as vezes até 23.30-00.00 e ninguém se preocupava muito com os moleques. Eu sentia que poderia sair do meu bairro e ir até o Leste Extremo, sem que nada de ruim acontecesse comigo. Me sentia dono de minha terra, amigo de todo o mundo. É curioso que até os dissidentes mais odiosos reconhecem este estado de confiança absoluta e de segurança, no qual se encontrava a sociedade soviética. Era normal falar com os desconhecidos. 

Porém os anos 90 para meus pais foram marcados por uma tragédia familiar com minha irmã. Em razão disso, fiquei bem distante deles emocionalmente e cresci autodidata. Lembro que a sociedade começou a se destruir. Se iniciou o vandalismo, havia bandos de crianças que jogavam bolos de argila e pedras nos ônibus. Eu participava nos ataques contra os jardins da gente de meu bairro - havia casas de verão em cada bairro periférico - as atacavamos. Isso não tinha sentido nenhum, porque minha família tinha próprio jardim, eu não precisava de maçã, mas estas aventuras viraram uma normalidade. Na verdade, eu vendia as maçãs do meu jardim no mercado de bairro e com este dinheiro comprava livros. Nosso jardim foi queimado por um indigente que morava lá no inverno. Todos estes jardins que ficavam muito perto do nosso prédio foram liquidados - lá agora passa uma rodovia nova.

No porão de minha escola abriram um clube de vídeo, onde nos mostravam Tom e Jerry, filmes sobre Bruce Lee e também muita pornografia. Eu não entendia nada desse negocio, mas obviamente aquilo era muito popular. A sala estava sempre lotada de alunos, sentados em cadeiras muito desconfortáveis diante dum pequeno televisor.

Quanto aos meus pais, que eram músicos duma filarmônica estatal, lhes pagavam uma vez por ano. Para a gente sobreviver as empresas e instituições estatais deram a seus trabalhadores ...terras. Assim meus pais-músicos tinham que transformar-se em camponeses. Desde a primavera até o outono, em cada fim de semana viajavamos de ônibus por uma hora até uma mina abandonada de carvão (no ônibus nunca havia assentos livres para me sentar). A rodovia era muito ruim, me asfixiava com a poeira e depois de descer do ônibus havia que caminhar uns 45-60 minutos por um pântano... Até o lugar onde tínhamos nossos dez acres de terra com o aguaduto de verão. 

Nos outonos, depois da campanha anual de colheita, eu tinha um pouco de tempo livre e viajava pela cidade... Eu gostava de atacar uma fábrica militar semi abandonada - roubávamos alí poeirento para fabricar pequenas bombas, etc. Todo o processo era muito perigoso e também muito excitante.

Lembro que havia muitos rapazes ali que roubavam também tinturas para se intoxicar como cheiro dos compostos químicos. Por todas as partes da cidade andavam crianças abandonadas, escondendo em sua roupa sacos plásticos com tintura, acetona ou cola. Meu bairro se degradava rapidamente. Num inverno pela noite, eu voltava para casa e então vi uma jovem chorando, sem calças. Ela tinha sido violentada, mas eu, como era pequeno, não pude entender isso. Outra vez com meu pai saímos para visitar uma amiga dele e vimos uma briga de umos 30 homens contra 2. Os dois se defendiam, usando um aquecedor de ferro fundido... Acho que os 30 ganharam e assassinaram a estes 2. 

Meus vizinhos de casa perdiam o emprego e se alcoolizavam, mas não todos. Também apareceram alguns carros de chique no pátio. Um vizinho, que era um chefe local do sistema penitenciário virou um milionário (explorava aos presos e tinha amizade com os padrinhos da máfia). Antes dos 90 éramos muito amigos deste senhor. Sua filha era 10 anos maior do que eu, mas eu queria me casar com ela: a garota era simpática, gostava de brincar comigo. Depois que seu pai virou milionário, deixamos de pensar sobre nosso casamento. Ela se apaixonou por um viciado depois. 

A criminalidade crescia cada vez mais no bairro, na cidade e no pais. Uma senhora, que conheci no ônibus de 2 horas para as terras infernais de sobrevivência me convidou a apresentar os exames a uma das melhores escolhas da cidade (ela trabalhou naquela escola e se preocupou com o meu futuro).

Assim, troquei de escola. Se não tivesse feito esta troca, acabaria na prisão como muitos amigos do meu bairro. Claro que fui infeliz na nova escola, a maior parte dos alunos eram "juventude dourada" e eu tinha que brigar com ela cada dia. Alem disso, a nova escola ficava longe de casa, no centro da cidade. Uma vez estava esperando o ônibus e vi uma mulher indigente se urinar na parada de ônibus, ela se assegurou sobre um quiosque e uma poça amarela apareceu na neve debaixo dela. Isso aconteceu no centro da cidade, diante da casa do governador. 

Claro, que como eu virei muito radical, estava perto do Partido Nacional-Bolchevique, Partido Comunista e outros movimentos patrióticos. O presidente Iéltsin, o Bêbado, o governador de meu estado e o prefeito de minha cidade foram meus inimigos pessoais. O governador, renegado do comunismo, ditador asiático Aman Bashi Tuleev, começou investiga-me. Meus vizinhos foram interrogados pelos oficiais da polícia secreta e havia pressão sobre meus pais. É muito irônico, que meu governador era um dos "melhores" - roubava menos que outros, e era mais efeitivo. Simplesmente eu não sabia que as coisas estavam muito piores em outras regiões da Rússia. 

Eu mudei de cidade para uma maior, onde ingressei na universidade. Em 1999 os EUA bombardearam a Servia e até os idiotas mais lavados entenderam o que aconteceu no mundo. Outra vez reaparece a fome e eu lembro que para minha universidade uma ONG dos EUA levou vários caminhões com ajuda humanitária: azeite, conservas, etc. - das reservas expiradas do exército americano. Se iniciaram as facções protestantes, adição da droga e do alcoolismo - formas diferentes de escapar da realidade. Não havia dinheiro, trabalhavamos nas obras. Lembro que eu comia muitos cogumelos, samambaia - as coisas da floresta, onde ficava a minha universidade. Era totalmente perdido, igual aos outros 140 milhões de russos. 

Mas ou menos assim foram os anos 90 na Rússia.

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воскресенье, 6 сентября 2015 г.

Se era melhor a vida na época da URSS ou hoje?

russofobia na arte contemporânea
Com frequência recebemos a mesma pergunta, se era melhor a vida na época da URSS ou hoje?

Claro que é uma pergunta pouco razoável: o mundo está mudando constantemente, aparecem coisas que antes simplesmente não havia nem na URSS, nem em nenhum lugar: a internet, telefonia móvel, inovações tecnológicas na conservação de alimentos o que permite consumir durante o inverno os produtos do verão, etc. São coisas rotineiras que antes não existiam não somente na URSS, mas em nenhum lugar. O turismo como um fenômeno novo, motivado pelo surgimento da classe média nos países pereféricos. Tudo isso: a internet, telefonia móvel, supermercados enormes, turismo latino e chinês, etc. viria sem dúvida à URSS iguais aos que vieram à Rússia atual, como vieram estas coisas à China.

A diferença entre a URSS e a China é que a URSS quebrou e está sangrando e a China ainda segue crescendo.

Tenho 33 anos, tenho minha experiência pessoal de vida na Rússia atual, posso sentir a vida com minha pele (sou da Siberia, morei em diferentes cidades, ultimamente vivo em Moscou), e além disso tive muitas conversas com meus pais, tios, avôs, com pessoas de diferentes regiões da Rússia, com meus chefes, meus empregados, com estrangeiros que moraram na URSS, etc. E minha conclusão é que o nível de sofrimento na Rússia atual é muito maior que na época da URSS.

Como intelectual tenho acesso às estatísticas e para mim é obvio que o consumo de qualquer coisa, incluindo a liberdade, na Rússia atual caiu igual à expectativa de vida dos russos.

Qualquer pessoa que protagoniza em público com as cagadas anti-soviéticas simplesmente quer dizer que não sabe muito, que não tem nem cérebro, nem coração, que está influenciada pela imprensa amarela, que está manipulada pela gente que está satanizando o período soviético e procura legitimar a atualidade. São burros que dão pontapé em leão morto. O próximo passo depoís de chegar até o antisovietismo é uma russofobia absoluta: "não somente o período soviético era uma desviação civilizatoria, senão toda a história da Rússia é um erro".

Mas ao mesmo tempo eu reconheço que a autocrítica exagerada ou com outras palavras o "autocagadismo" não é só um fenômeno típico russo. Acaso não é um "mainstream" entre os intelectuais estadunidenses dizer que os EUA são uma tumba da Europa e pelo estilo. Os mesmos europeus enterram sua Europa a cada século...

Estou lendo o ensaio de Susan Sontag sobre a fotografia: a autora entre outros exemplos pôs a obra de Michael Lesy sobre a vida rural nos EUA nos anos 1890-1910 - Wisconsin Death Trip (1973): os EUA de Lesy estão cheios de indivíduos, prontos a se enforcar nos estábulos, jogar as crianças nos poços, decapitar as suas mulheres, queimar as colheitas dos vizinhos - o país perdeu a sanidade mental não no Vietnã, mas uns 50 anos antes...

É uma noticia ruim para nossos liberais - o Ocidente não é um modelo a seguir, as coisas são muito mais complicadas.

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