- O que quer o grupo governante dos EUA na Ucrânia?
1) Destruir o mercado energético da Europa para ligar o Velho Continente a seus projetos energéticos de produção de gás de xisto [1]
2) Por um cordão sanitário entre a UE e a Rússia, isolando os sócios e dividindo a Europa (o cordão sanitário da Rússia está formado pelos países do Leste da Europa, os servos mais fogosos dos EUA) [2]. Para isolar a Rússia no sul se desenha outro cordão formado pelos países como Turquia, Geórgia, Azerbaijão e em perspectiva: Kazaquistão, Uzbequistão, Kirguistão, Turquemenistão e Tajiquistão). Em outras palavras, “exumar” e ampliar os Planos Intermarium e Prometeu, idealizados pelo ditador polonês Jozéf Piłsudski nos anos 1920 (o primeiro parcialmente realizado com a entrada dos países bálticos e da Polônia na OTAN a partir de 1999 e o segundo parcialmente realizado em 1991 com a desintegração da União Soviética), assim como do “Cordon Sanitarie” de Georges Clemenceau, feito logo após a Guerra Civil Russa.
A tarefa principal dos EUA por agora é enfraquecer a Rússia, ganhar o mercado da UE e conservar seu protetorado sobre a UE (a famosa frase da diplomata americana Victoria Nuland "Fuck the EU" expressa muito claro a política dos EUA em relação a Europa: não esqueçamos que a UE está ocupada pelas tropas dos EUA).
As ferramentas principais dos EUA são um clássico golpe de estado (Maidan, protagonizado pelos liberais e neonazistas) e uma junta das forças pró-EE.UU. [3.]
Com isso não importa se a Ucrânia vire uma nova Somália ("campo selvagem" que exporta a instabilidade), um novo Kosovo (narcoestado e uma base de OTAN) ou uma Bulgária (economicamente destruída e privada de sua soberania).
Provavelmente a Ucrânia conforme os EUA seria uma síntese de todas essas opções.
- O que quer o grupo governante da UE na Ucrânia?
1) Conservar o mercado energético europeu (não coincidem nisso com os EUA), talvez, baixar um pouco os preços de gás russo, suspendendo temporalmente o projeto de gasoduto "South Stream".
2) A UE precisa de uma Ucrânia relativamente viável, que não seria nem um narco estado, nem uma nova Somália (isso vai prejudicar a UE diretamente!).
3) A UE quer obter na Ucrânia um novo mercado de 45 milhões de consumidores para seus produtos.
4) Também a Ucrânia pode virar uma saída para o mercado de 145 milhões dos consumidores russos (a Ucrânia como um país de trânsito de produtos europeus para a Rússia).
5) Vemos que os europeus não estão interessados na destruição da Ucrânia: os idiotas úteis ucranianos tem que trabalhar em algum lugar para pagar os créditos europeus (os créditos não podem ser pagado somente com a prostituição das mulheres), etc. E aqueles que vão perder seu trabalho serão recrutados num exército de fura-greves para o caso de manifestações dos filisteus europeus decepcionados pela perda de seu estado de bem-estar social.
- O que quer o grupo governante da Rússia?
1) Conservar o mercado energético europeu (coincide nisso com a UE). Esse negócio dá a Rússia as opções para reindustrializar sua economia.
2) Conservar uma Ucrânia relativamente viável, que não seria nem um narco estado, nem uma nova Somália (coincide nisso com a UE). Isso significa em primeiro lugar conservar a cooperação russo-ucraniana na indústria militar, falamos das fábricas de Novorossiya, da parte pró-Rússia da Ucrânia, que pode virar a primeira vítima da política da junta pró-EE.UU. na Ucrânia, da mesma forma com que aconteceu na Croácia nos anos 1990 com a região de Krajina, até então o grande reduto pró-Iugoslávia do país.
3) Para conservar uma Ucrânia relativamente viável precisamos da federalização da Ucrânia (uma garantia de sobrevivência da Novorossiya [4]). A reincorporação da Novorossiya é desejada, mas não é possível atualmente, porque a Rússia mesma ainda não representa um modelo a seguir para 100% da população das regiões da Novorossiya.
A Rússia agora tem que ganhar o tempo para que os EUA vão embora, estrangulados por sua dívida interna. Para que na Europa vão embora as elites atlantistas, que arriscam as vidas dos europeus pelos interesses dos EUA: já vemos que nas eleições para o Parlamento Europeu ganha a "nova direita" pró-Rússia (a exemplo do Front National na França e do Jobbik na Hungria). Também precisamos de tempo para mobilizar dentro da Rússia nossa própria economia e sociedade, deprimidas pelo cinismo das corruptas elites oligárquicas.
Obviamente na Ucrânia assistimos uma guerra do dólar dos EUA contra o euro da UE, é uma luta pela Europa entre os EUA e nova família dos países rebeldes: BRICSA.
Um compromisso para a Rússia e a UE poderia ser a recreação da Novorossiya pelo menos no marco de uma Ucrânia Federalizada, mas obviamente isso não convém ao dono do mundo - aos EUA e esse rejeito já foi denunciado por sua marionete - presidente Poroshenko.
1. http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/48432-o-filho-de-joe-biden,-vicepresidente-dos-eua,-novo-diretor-de-uma-empresa-petroleira-ucraniana.html
2. http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_06_09/Uniao-Europeia-utiliza-novos-membros-comunitarios-na-luta-contra-Russia-9074/
3. http://guiademoscou.blogspot.ru/2014/03/dividir-ucrania-para-conquistar-russia.html
4. A Novorossiya, aliás, a Nova Rússia, é uma região do norte do Mar Negro, conquistada pela Rússia durante as guerras contra a Turquia no final do século XVIII, no reinado de Catarina a Grande (r. 1762 – 1796). Até agora são territórios da Ucrânia menos infectados pelo neonazismo ucraniano, mais pró- Rússia, são regiões mais industrializadas, que geram a maior parte do PIB da Ucrânia e ao mesmo tempo são as regiões mais marginalizadas e satanizadas pelas elites de Kiev durante os últimos 20 anos.
Redacção de Eduardo Consolo dos Santos
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