вторник, 12 октября 2021 г.

Sentiu como se fosse preso pelos ucranianos

Continuando o tema do nacionalismo...

Há pouco assisti a um vídeo num canal nacionalista sobre um herói de Donbass, torturado num centro de detenção (na Rússia).

O protagonista diz que sentiu como se fosse preso pelos ucranianos, pelos inimigos de guerra. 


Uma vez fechadas as portas, os alto-falantes do Centro de Detenção começam a transmitir a marcha fúnebre. Depois, os detidos são espancados e humilhados pelo pessoal do Centro.


O protagonista relata, que durante sua estadia ele foi crucificado com algemas, espancado regularmente, ameaçado com estupro. Com frequência os detidos são obrigados a ouvir pela rádio de cela as gravações de choros infantis. A tortura física sempre é combinada com a tortura psicológica.


A ideia do pessoal do sistema penitenciário corrupto (todos são cúmplices) é extorquir dinheiro dos detidos, prometendo “melhorar” as condições sub-humanas. As tarifas variam, mas pelo preço de aluguel de uma habitação em Moscou lhe deixam sentar na cama e não ficar em pé o dia inteiro [*]


Outro motivo da tortura é fazer os detidos reconhecerem sua culpa.


Os nacionalistas perguntam ao protagonista convidado, que etnias eram os torturadores? Segundo os nacionalistas o pior mal é um imigrante, uma pessoa não russa, muçulmana.


Então o convidado responde que também ficou chocado, que todos os torturadores eram ...russos mesmo, igual a ele.


A epidemia de totura é ignorada pelo Kremlin, o tema não é bem-vindo nunca no campo informativo. Os torturadores publicamente reconhecidos nunca realmente são castigados. O pessoal da polícia e do sistema penitenciário é o mais desprezado e odiado pela sociedade russa.



* Os criminosos ricos até podem viver na prisão muito bem. A quadrilha de Serguei Tzapok durante 30 anos aterrorizava um povoado no Sul da Rússia (estuprando e matando a torto e a direita) e foi julgada apenas pelo massacre de 12 pessoas, incluindo 4 crianças, o que foi o auge de sua carreira. Então um membro desta gangue Viacheslav Tsepoviaz conseguiu publicar fotos da prisão, onde ele aparece comendo caviar e caranguejos. Também ele desde a prisão enviou para sua filha um presente: um Audi TT. A família deste criminoso continua vivendo no povoado numa casa grande com os empregados, heroizando seu parente e ameaçando todo o mundo com sua libertação iminente. Tudo isso acontece, mesmo que os “negócios” desta banda fossem criticados pelos ministros, governadores, presidente de parlamento… Ou seja, os canibais patenteados não são realmente castigados, nem perdem seu status social. Enquanto as pessoas inocentes podem ser torturadas para reconhecer os crimes de outros.

понедельник, 4 октября 2021 г.

Sobre a bomba migratória debaixo do edificio que se chama Rússia

Na Rússia cresce o ódio contra os migrantes. Do mesmo jeito, como nas repúblicas ex-soviéticas cresce o ódio contra os russos. Será que isso vai a mando das autoridades?

Por um lado, o governo liberal da Rússia importa a mão de obra por causa da despopulação dos russos (no resultado da Reforma de 1991-2021 a Rússia está no TOP-10 pela mortalidade). Ao mesmo tempo, a Rússia está no 2º lugar na lista dos países que recebem grandes fluxos migratórios, depois dos EUA. Naturalizando os migrantes, o governo russo esconde a mortalidade excessiva dos russos.

Por outro lado os migrantes são os bodes expiatórios perfeitos, porque eles não têm plenos direitos, são quase escravos para as grandes empresas e ao mesmo tempo a concorrência entre os migrantes e os russos muda o foco da irritação do povo para um objeto falso. Em lugar de questionar a economia de mercado como tal e a desindustrialização (a causa), os tolos atacam os migrantes (a consequência).

E o mesmo truque é explorado nas repúblicas ex-soviéticas: os russos, sendo minorias lá, abandonados pelo governo russo, também são bodes expiatórios super cómodos para as elites aborígenes.

A culpa é do migrante, os malditos bárbaros baixam os salários, trazem sua baixa cultura e roubam a gente, dizem os nacionalistas russos.

A culpa é dos russos, os malditos imperialistas russos fizeram tanto estrago para a nossa cultura autóctone e ainda continuam roubando a gente, dizem os nacionalistas cazaques/uzbeques/ucranianos/armênios/bálticos/etc.

E todos concordam, que a maior culpa é de Lenin!

Conforme os dados de Putin, Lenin colocou uma bomba atômica em baixo da Rússia, gerando a superpotência soviética.

Os nacionalistas russos aprovam. O conceito soviético da “amizade dos povos” é nojento para eles. Os “asiáticos” não são nossos amigos, segundo os nacionalistas russos estes sub-humanos compreendem só a força e seus territórios deveriam ser colônias do Império Russo e não repúblicas modernas da URSS, subsidiadas desde Moscou. Os nacionalistas, igual à oligarquia têm nostalgia pelo Império Russo.

Os nacionalistas cazaques/uzbeques/ucranianos/armênios/bálticos/etc. também aprovam a culpa de Lenin. Todos eles têm suas reclamações contra a URSS com base nos fenômenos propagandísticos tipo "olodomor", etc. mesmo que o período soviético fosse o melhor tempo na sua história por qualquer parâmetro.

Todos os presidentes dos países ex-soviéticos repetem em coro as bobagens, que se não houvesse URSS, hoje seus países teriam 3 vezes mais gente, que seria 100 vezes mais rica...

Os nacionalistas não chegam a entender que a situação lamentável em seus países é um produto de seus nacionalismos, do fatalismo da economia de mercado e da desindustrialização. O desemprego, a alta concorrência, ausência de projetos de desenvolvimento do espaço comum causam a necessidade de se refugiar na etnicidade, religião, solidariedade local de torcedores de times e outras bobagens, tão cómodas para as elites.

Quanto aos nacionalistas russos, são um presente para o governo de Putin. Tal oposição nacionalista é complementar para as elites governantes multinacionais. Nos anos 2000 o governo gerou um partido seudo social-nacionalista chamado “Patria” que depois de ter simulado a atividade opositora se integrou no governo (o líder do partido, palhaço que antes puxava Sieg Heil, depois tornou-se o embaixador na OTAN e agora é chefe da Agência Espacial Russa).

A boa notícia é que os russos em geral não caem na provocação nacionalista do governo. Até as últimas eleições parlamentares mostram que os partidos nacionalistas, gerados pelo Kremlin, estão em vias de extinção (tanto o velho Partido Liberal-Democrata, cujo líder V.Zhirinovsky é um cómico patentado, réplica pós-modernista de Mussolini, como os componentes jovens, tipo ex nacional-bolchevique castrado Z.Prilepin). Ao mesmo tempo, este jogo do governo com o nacionalismo pode ser perigoso. Cria corvos e eles te comerão os olhos.

воскресенье, 3 октября 2021 г.

Os Romanov foram vampiros

Os Romanov foram vampiros, igual a outras dinastias da Europa. Só usando as balas de prata, os revolucionários conseguiram matar Alexandre II em 1881 (avô de Nicolau II, o Sangrento).

É um roteiro original da série de fantasia, que deve estrear na televisão russa neste ano de 2021. Seguramente, este roteiro vai ficar alterado para agradar o culto dos Romanov… Há pouco a oligarquia russa celebrou o casamento do Jorge Romanov na maior catedral de São Petersburgo. Então na série os Romanov não vão ser apresentados como vampiros, e sim, vão receber a ajuda dos vampiros poderosos. Estes são os dados do anúncio. Se pode deduzir que os Romanov vão cair, só porque os vampiros apostam sobre os revolucionários.


“Karámora”, a série, é inspirada em parte no conto homônimo de Máximo Gorki, um conto muito querido pelos liberais e conservadores, porque ele questiona a revolução e o colapso moral, causado pela queda do poder (M.Gorki escreveu este conto na emigração antes de voltar para sempre na URSS).


Karámora em russo é um mosquito gigante, desproporcional, assustador e débil. Comparado por M.Gorki com aranha. Se supõe que se alimenta do sangue.


Mas Karámora não é uma palavra para xingar os Romanov, é alcunha do protagonista da série, um anarquista que quer vingar a morte de sua amada, lutando contra os Romanov e provocando a IGM e a guerra civil russa.


No conto de M.Gorki o Karámora é um agente duplo da polícia, um provocador… O tempo do conto é a reação depois da Revolução de 1905, quando o governo podre dos últimos Romanov gerou na Rússia uma epidemia da provocação, falo disso em um dos episódios de meu show de YouTube:

https://youtu.be/PwcuniGZyOQ?t=459


E este contexto dos revolucionários endemoniados, provocadores, os vampiros, por um lado, e os coitados Romanov, por outro, deve garantir o sucesso da série.


Vocês gostariam de assistir?