Escrevemos muitas vezes sobre a síntese putiniana no campo cultural da Rússia:
Dois símbolos dos anos 90 - a Catedral de Cristo Salvador e o Moscow-City (o bairro dos arranha-céus no centro da capital) nos ajudam a entender a natureza desta síntese:
A Catedral de Cristo Salvador, restaurada pelos operários turcos, reflete a tendência da arcaização:
- continuam sendo impostas as religiões e o culto dos Romanov
- voltam a moda os nomes para crianças do tempo do ronca
- desestatização provocou o interesse pela genealogia familiar, etc.
Em lugar das ideias do progresso e socialização são impostas as ideias da arcaização e atomização.
E por outro lado vemos o Moscow-City: um grupo dos arranha-céus, desenhados pelos arquitetos ocidentais da moda para as novas elites da Rússia, integradas já à casta superior dos gerentes do capitalismo global.
Há dois mundos dentro da Rússia: o mundo de Cristo Salvador (tradicionalismo) e o mundo de Moscow-City (globalismo neoliberal).
A gente do mundo da Catedral de Cristo Salvador mora em bairros feios e periféricos, perde tempo no trânsito, consume muito álcool barato, fuma nos espaços públicos e sua cultura é um "second-hand" estadunidense.
A gente do mundo de Moscow-City mora nas urbanizações de luxo na província de Moscou: "Greenfield", "Sherwood", "Riverside", "Richmond", "Pineville", "Primevill", "Forest Lake", "Forest Ville", "Ever Green", "Cotton Way" - são os nomes destas urbanizações. Até os tradicionais nomes russos se apresentam do jeito anglo-saxão: Zhukovka Hills, Veshki City, Dmitrovka Village, etc. Esta gente come nos restaurantes mais caros, seu lazer está decorado pelos shows das estrelas mais solicitadas do mundo, etc. Seus aviões privados sempre estão dispostos a levá-los a Londres ou Nova Iorque.
Tal esquizofrenia foi característica também para o período dos Romanov: a religião e os contos de fadas para a plebe e o Hermitage, coleção da arte ocidental - para a nobreza.
A novidade dos últimos anos é retorno do culto da URSS. Não como um projeto do comunismo russo, não, mas como um culto duma grande potência.
Isso é para animar a plebe nos tempos de caída do nível de consumo. Isso é o último recurso do grupo governante. Será isso "o último refúgio dos canalhas"?
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