Já
se sabe bastante sobre os ciclos de desenvolvimento: são best selleres mundiais
as obras de Broudel e Arrigi. Também é famoso e muito citado o economista russo
Kondrátiev com seus “ciclos econômicos largos”. Neste blog nós apresentamos
antes as teorias geniais de cliodinâmica (história matematizada) de Serguei Nefiódov e Andrei Turchin e geralmente escrevemos muito sobre o ciclismo da
história russa.
Hoje
lhes queremos ofereçer uma revisão do livro de Alexandr Prójorov “Modelo russo
da gerência”. Este ensaio bastante
superficial foi republicado na Rússia 10 vezes (!) e a interpretação de
Alexandr Prójorov esta virando uma moda igual à interpretação vulgar do desenvolvimento
da cultura russa de Andrei Paperni. O modelo de Alexandr Prójorov esta
fundamentado em 2 fatores:
1)
o fator climático
A
Rússia é um dos países mais frios do mundo, por isso a idiotia milhenar da vida
de camponeses russos gerou 2 regimes de trabalho: a mobilização radical de
verão (3 meses) e a estagnação de inverno (6 meses). O trabalho de verão é tão
duro, que 80% de bebês nascidos no verão morriam, diz Alexandr Prójorov num
video. As mães não tinham nem tempo nem leite para sustentar estas crianças. O
verão requer uma mobilização de todos os recursos para um período curto: a
gente demonstra os milagros de trabalho COLETIVO 24 horas por dia.
Assim,
o modelo russo da gerência regeita as relações de concorrência, como "um
luxo que exige grandes recursos". À primeira vista tal modelo virou uma
norma por causa da pobreza e ameaça permanente de guerra.
"...É certo que a concorrência conduz para uma atividade cada vez mais efetiva, mas a cada momento concreto ela não deixa usar os recursos dados completamente... Em contrapartida, a luta de concorrência temporariamente retira uma parte de recursos de circulação".
Durante
as guerras feudais as tropas sofrem perdas de homens, que poderiam ser usados
em proveito do Estado; a concorrência descontrolada de latifundiários pela mão
de obra leva à desapropriação das terras dos proprietários fracassados; a ruína
dos camponeses, que trabalham mal, reduz a quantidade dos contribuintes; a
ausência do planejamento centralizado provoca subutilização da capacidade de
proudção de muitas fábricas, etc.
Não
por acaso, nas condições da guerra ou crise até os países de mercado ativamente
estatizam suas economias. E a Rússia quando não está em crise, está na guerra,
é lógico, que nossa economia seja mais estatal do que de mercado, não tivemos
recursos para nos permitir o luxo de mercado.
Êxitos
do modelo russo da gerência:
-
evacuação de emergência da indústria para os Urais e para a parte Asiática
durante a Grande Guerra Patriótica contra a Europa de Hitler.
-
a mobilização de Pedro I permitiu em 1705 aumentar os gastos militares em até
96% das rendas do país (para ganhar a guerra contra a Suécia).
-
Ivão, o Severo para a Guerra de Livônia conseguiu crear o maior exército de
Europa num dos países mais pobres.
No
entanto o fator climático não é tão fundamental como parece à primeira vista...
O fator da tradição administrativa também é muito importante.
2)
tradição administrativa
O
Ocidente cresceu à base do feudalismo do imperio franco de Carlo Magno, - diz
Alexadr Prójorov, quando Carlo Magno conquistou um território desenvolvido já,
cristianizado e obediente à lei. Por isso sua administração é caracterizada
pela descentralização em cima da sociedade e pela centralização ao nível local.
A tradição administrativa na Rússia (anarquista, policonfessional, multiétnica)
foi bem diferente.
«Os súditos pagavam os impostos só no caso da ameaça direta do uso da força militar».
Poliudie requer a
necessidade da centralização superior em cima da sociedade, quando ao nível
local os clasters da sociedade russa são bastante autônomos.
O
triufo histórico da centralização estatal é provado pelos resultados da
competência entra a Lituânia/Polonia e a Rússia, - resume Alexandr
Prójorov.
P.S.
É interessante que o balançe de
mobilização e estagnação também seja próprio para o Egito Antigo (czaratos e
distúrbios), a China Antiga (imperios e zhànguó, períodos dos reinos
combatientes), a Roma (dualidade entre império e república), a Europa Medival (imperio
de Carlo Magno e reinos bárbaros).
Mas
onde a Rússia (Ásia) se separou do Ocidente? Alexandr
Prójorov não dá resposta... Conforme o autor a Rússia é condenada à oscilação
entre as mobilizações (totalitarismo, estalinismo, pedrograndismo, ivanoseverismo,
etc.) e estagnações (sabotagem popular contra o grupo governante: corrupção,
apoio passivo de golpes palacianos, etc.).
Geralmente o ensaio de Alexandr
Prójorov tem um carater abertamente russofóbico e antissoviético, embora em
suas palestras públicas o autor sempre sublinhe que, se nosso estado conseguiu
viver 1100 anos, isso quer dizer que nosso modelo ainda é adequado.
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