вторник, 29 декабря 2015 г.

Império de cabeça para baixo




A mitologia antisoviética vulgar (à maneira dos nazistas ou dos EUA) ultimamente não aguenta críticas, por isso logicamente surge a demanda de nova expertise sobre a Rússia. Mencionamos alguns nomes da kremlinologia ocidental, que ofereceram as opiniões alternativas ao delírio de Hannah Arendt:

Stephen Kotkin. Magnetic Mountain: Stalinism as a Civilization
Terry Martin. The Affirmative Action Empire: Nations and Nationalism in the Soviet Union, 1923-1939.
Jochen Hellbeck. Revolution on my mind.
Claudio Nun Ingerflom. O cidadão impossível: as raízes russas do leninismo.
etc.


Não dizemos, que esses livros sejam pró-soviéticos ou pró Rússia, mas seus autores variaram um pouco as interpretações obscurantistas da época da Guerra Fria. 

Sem falar dos investigadores ocidentais, neste blog já apresentamos as ideias geniais dematemático russo Serguei Nefiódov. Além disso informamos a nossos leitores sobre as teorias de Vladimir Paperny (dialética de etatismo/liberalismo), de Alexandr Prójorov (dialética de movilização/estagnação).

Hoje oferecemos a vocês uma reflexão sobre um texto curioso, que analiza o fenômeno de autocolonização da Rússia. O autor em questão, Alexander Etkind é um culturólogo de origem soviética, que mora em Cambridge, beneficiado pelas contribuições das elites da Inglaterra e dos EUA. Na véspera da guerra civil na Ucrânia Alexander Etkind foi premiado por uma bolsa recorde na histórida de Cambridge (1 milhão de euros de HERA Consortium) com fim de realizar uma expertise das relações russo-ucranianas. De tal jeito as elites de Ocidente receberam de Etkind um novo pacote de códigos para crackear o disco duro da Rússia no teatro dos países do bloque "Intermarium". Em rigor, deveríamos dizer que Etkind traduziu para a língua do inimigo as ideias que flotam no ar dos jornais patrióticos russos durante os últimos 20 anos.


De um lado, Etikind continua "desmascarando" ivão-terrorismo, pedro-grandismo, stalinismo e, claro que, putin-ismo: seu texto está cheio de palavras como: anexação, ocupação, genocídio (sem nenhumas evidências factuais). Mas de outro lado, ele não esquece que os "bárbaros" russos vacinavam e alfabetizavam os povos da Sibéria, operavam o plebe da Prússia, fizeram crescer o nível de vida na Asia, etc. É como se Etkind quisesse provar que a experiência imperial da Rússia é o mesmo banho de sangue como no caso do colonialismo europeu (no contexto da "normalização" de história russa), mas ao mesmo tempo ele puxa as ideias de que o imperialismo russo é muito mais extravagante/absurdo/anacrônico do que a experiência ocidental (no contexto da satanização tradicional da Rússia).

Abaixo vou apresentar a lógica de Etkind, usando minhas próprias palavras e meus próprios exemplos:

1) A Rússia é um país que se autocoloniza e surge do resultado da autocolonização. 

É curioso que os russos não usem o termo "colonização" mas "o-svoi-enie" que se traduz como "desenvolvimento", que literalmente significa "apropriação das coisas que não pertencem a ninguém".

2) O sujeito da autocolonização são os grupos governantes. 

Se Etkind conhecesse Sergeui Nefiódov, ele poderia dizer que os grupos governantes da Rússia em etapas diferentes tiveram sotaques diferentes (normândico, bisantino, mongol, turco, polaco, holando-sueco, americano - em função da liderança tecnológica no mundo naquele período).

3) O objeto da autocolonização são os próprios territórios e povos ainda não "apropriados" ou "desenvolvidos". É importante salientar que estes territórios e povos não ficavam além-mar, o que quer dizer que não havia fronteiras "existenciais" entre as capitais e "autocolônias". Os "autocolonizados" não eram tão distantes para os "autocolonizadores" como os indígenas ou africanos eram para os europeus. Não havia fronteiras marítimas, nem de raça!

4) Os agentes de autocolonização eram o estado-exército, a igreja e também os civis: cossacos, desertores, sectários que fugiam do estadismo centralizador.

5) O motor econômico da autocolonização foi e segue sendo a dependência de monorrecursos, fossem eles peles, madeira ou trigo como na época pré-soviética, fossem eles gás e petróleo como na época pós-soviética. É engraçado que a medida tanto para as peles como para o petróleo seja um barril.

Embora a lógica de autocolonização pareça bastante simples, de fato ela tem muitos detalhes importantes.

Racismo cultural da elite russa

A particularidade da elite russa é que ela não era nem é muito russa, caracterizada pela presença das minorias étnicas: tártaros, gente de Cáucaso, polacos, alemães bálticos, russos pequenos (proto-ucranianos), judeus... O ingresso das elites "indígenas" ao grupo governante era uma forma imperial de integração dos povos "autocolonizados". Ao mesmo tempo de tal jeito o Império não deixa suceder à nação russa (isso é um lema constante dos nacionalistas russos). Os russos, como os demais povos da Rússia são objetos de autocolonização! Com isso, é muito importante que os russos sofram dos custos principais do Império (quando os tolos falam dos "sofrimentos" dos judeus no Império Russo, limitados um pouco na liberdade de movimento, eles se esquecem de dizer que no mesmo período uns 50% dos próprios russos eram escravos!).

Então vemos que na Rússia não há um povo opressor e povos oprimidos, senão um grupo governante multiétnico e um povo multiétnico governado por este grupo. Entre governadores e governados não havia nem mar nem distancia de raça, assim surgiu o problema de um marcador hierárquico. Este problema foi resulto na época de Pedro, o Grande, quando a elite foi forçada a se mudar para São Petersburgo, fazer a barba, vestir um terno europeu e aprender umas línguas européias (uma parte de elite que se revelou contra o czar em 1825 era tão desrussificada que durante seu juízo posterior ela precisaria dos intérpretes - falamos dos dezembristas). Assim, desde Pedro I começou uma duplificação da Rússia: em capital, São Petersburgo, a cidade menos russa, uma cópia de Amsterdã, vive a elite colonial, que fala francês e inglês, coleciona arte estrangeira, faz barba, veste à maneira européia e fora de São Petersburgo ficam as colonias povoadas pelos escravos, que produzem trigo para vender ao mercado europeu (desde XVIII). Este drama de isolamento da elite no seu próprio país foi vivido pelos mesmos intelectuais russos do século XIX, que até iniciaram o movimento do "populismo" (naródnichestvo em russo), coroado pela figura de Liev Tolstói. Lénine vai chamar Liev Tolstói o "espelho da revolução russa".

Gradiente Invertido ou um Império de cabeça para baixo


A.Etkind repete a idéia evidente de F.Braudel 
e C.Leví-Strauss, que o Ocidente se construiu do material de suas colônias. Ao longo do século XIX as metrópoles viraram os estados nacionais à custa de degradação das colonias. Isso se chama o gradiente imperial "normal", quando os Impérios vivem melhor de suas colônias. A Rússia é caracterizada pelo gradiente imperial "invertido". Na Rússia só os povos formadores do estado foram escravizados (russos grandes/russos, russos pequenos/ucranianos, russos brancos/bielorrussos). "Para 1861, escreve A.Etkind, - o nível de educação, de renda, <de expectativa de vida> de polacos, finlandeses, russos pequenos, russos da Sibéria, e possivelmente, de tártaros com judeus era mais alto do que de russos da parte central". Os russos da parte central eram o material do qual foi construído o Império Russo. Com isso os povos "autocolonizados" conseguiram viver melhor que o povo "autocolonizador". "Ao final do século XIX os impostos pagos pela povoação predominantemente russa, localizada em 31 estados, eram 2 vezes maior do que os impostos pagos pela povoação predominantemente não russa, localizada em 39 estados" (Mironov, 1999). Vamos marcar, que justo a parte central da Rússia, a parte mais pauperizada virou uma base do bolchevismo durante a guerra civil de 1918-1922.

Mercado interior vs exterior

A pauperização do Centro da Rússia, como custo da expansão, é um fenômeno da economia de trigo, que se formou após a conquista dos Mares Báltico e Negro no século XVIII. Antes do século XVIII a economia era mais primitiva e dependia das exportações de peles (esquilo, zibelina, etc.) e de madeira. Nesta situação o povo não foi visto pelo estado como um recurso e foi jogado à própria sorte. Se pode dizer que o povo foi supérfluo.

"Havia períodos, quando de acordo com as palavras de V.Kluchevsky "o estado se inchava, e o povo decaía". Também havia tempos quando decaía o estado. Ao estabelecer o negócio com Arkhangelsk em 1555, os ingleses estavam interessados pela madeira, cera e outras mercadorias de floresta; as peles formaram só uma pequena parte deste comércio (Bushkovitch 1980: 68). O rei da Inglaterra Jaime I valorizou tanto esta região, que em 1612-1613, quando as tropas da Polônia e cossacos tomaram Moscou, ele até analisava a possibilidade da colonização direita de Arkhangelsk (Dunning 1989; Kagarlitski 2003). Naquele então o negociante do rio Volga Kuzma Mínin salvou a Rússia, financiando a guerra <pela independência> das rendas de produção de sal: isso foi uma vitória da economia nova, na qual os recursos se produziam não para as exportações, senão para o consumo interior em massa".

Aqui também é oportuno dizer duas palavras sobre os "velhos crentes", sectários religiosos, que não aceitaram a Reforma da Igreja do czar Alexei Mijailovich (pai de Pedro, o Grande). Perseguidos, queimados vivos pelos Romanov, os velhos crentes para o século XIX ficaram marginalizados, eles não tiveram o acesso ao crédito estatal, tinham que pagar os impostos altos, etc. Assim, que eles formaram sua própria rede de negócios, orientada ao mercado interior (a diferencia dos exportadores Romanov). Segundo o historiador Alexander Pýzhikov os ultraconservadores velhos crentes, odiando aos Romanov e seu Império de São Petersburgo, até finanсiaram aos bolcheviques e podem ser considerados igual a certos generais do Exército Imperial como um dos elementos do projeto soviético.

Auto-psicanálise do Império Russo

Igual aos Impérios ocidentais o Império Russo financiou as missões antropológicas para entender melhor suas autocolonias. Mas a antropologia russa foi necessária apenas para estudar aos próximos russos e não aos distantes indígenas. Neste sentido os ministérios autocoloniais da Rússia foram o Ministério dos Assuntos Internos e Ministério de Terras Estatais. É importante que o primeiro dicionário da língua russa foi feito justo no marco duma investigação de seu próprio povo, organizada pelo estado (dicionário de Vladimir Dal). "August von Haxthausen, antropólogo prussiano (!), contratado pelo governo russo "...descobriu a comunidade de camponeses com suas "redistribuiões" regulares - redistribuições de terra entre as famílias de camponeses em função de suas necessidades. - escreve Alexandr Etkind. - Graças a estas redistribuições a terra fica baixo controle da comunidade e não de indivíduos. <...> Quando a elite russa vivia uma vida usual, baseada na propriedade privada e vícios sociais, os camponeses russos conservavam uma tradição nobre de república, oculta e desconhecida antes: a comunidade era "uma república livre e bem organizada", escreveu Haxthausen".

Contemporâneo de Haxthausen, emigrante político russo Alexandr Herzen considerou as comunidades democratas de camponeses como inicio e coração do socialismo russo, oposto ao Império de São Petersburgo. O conflito entre a comunidade de camponeses e Império vai se resolver mediante uma revolução, esperava Herzen: "É impossível destruir a comunidade de camponeses na Rússia, somente se o governo não vai decidir exiliar ou executar a varios milhões de pessoas". A tentativa de tal destruição de comunidade vai acontecer na época de Nikolai II mediante a reforma de Pyotr Stolypin (icone dos liberais russos do período pós soviético).

Alexandr Etkind não acha, que as comunidades de camponeses sejam só uma coisa russa, as comunidades são um controle remoto universal de Impérios, que costumam deixar uma parte secundária de gestões para os níveis mais baixos de pirâmide.

"As metrópoles estavam se tornando os estados nacionais, quando em suas colonias os Impérios não lidavam com os indvíduos, senão com os grupos organizados deles. Nos Impérios entres os indivíduos e estados existe um nível intermediário, que dá a origem e sentido à vida real - às práticas religiosas e cambio das gerações, procedimentos jurídicos e direitos de propriedade, cobrança de impostos e ajuda aos necessitados. No Império Russo tais grupos se chamavam as comunidades ou sociedades. Entre os judeus da Europa do Leste e da Rússia tais grupos se chamavam kahais. No Império Otomano eles se chamavam milletos, no Áustro-Húngaro - autonomias culturais".

Se para Haxthausen as comunidades de camponeses eram uma forma do comunismo natural, próprio à raça eslava, para muitos filósofos eurocentristas posteriores tal forma de agrupamento era um jeito de melhorar a eficiência de exploração (que no caso da Rússia pôde provir tanto dos mongóis, como dos Romanov, portadores da tradição colonial do Ocidente!).

O Império tinha interesse em que suas colonias internas se construíssem com base no princípio duma comunidade fechada, - escreve Alexandr Etkind. "Nas terras virgens e num ambiente hostil prosperava a gente, reunida pelas fortes relações não econômicas e também pela incomum ética de trabalho e pelas muito originais normas de vida coletiva". Etkind considera muito importante a influência da Igreja dos Irmãos Morávios sobre os russos ortodoxos, tártaros muçulmanos e calmucos budistas na região do rio Volga (veja a história da colônia alemã em Sarepta, perto de Tsarítsino (XVIII), o lugar que no século XX vivenciou um enfrentamento épcio entre os alemães e russos na batalha de Stalingrado).

Assim o coletivismo russo foi uma ferramenta de autocolonização, uma ferramenta prestada dos Impérios ocidentais e com uso da experiência de sectários protestantes! Alexandr Etkind formulou o aforismo: colonização = coletivização (como uma forma da administração imperial indireta, usada pelos Impérios por todo o mundo para evitar as explosões de violência e para frenar o nacionalismo). As comunidades de camponeses não são uma república, - deduz Etkind, porque não são associações voluntarias, que formam uma sociedade civil com uma solidaridade orgânica, "são pequenas prisões de povo", poderia dizer Etkind.

Hegemonia negativa, Orientalização das elites e Universalidade da Literatura Russa

O Império Russo não conseguiu dar para os povos autocolonizados nada positivo, - diz Etkind, - e ressalta que outras civilizações seja britânica, francesa, etc. também não conseguiram isso. É muito estranha esta afirmação e obviamente é errada no caso do" Império de cabeça para baixo" da URSS.

Ao mesmo tempo a nação imperial russa tem uma característica surpreendente de se assimilar aos povos conquistados, - reconhece Alexandr Etkind. Seu perfil imperial é único: humilde, responsivo e cosmpolita. Alexei Jomiakov escreveu nos anos 1840: "Ninguém americano nos EUA... não fala língua dos Peles Vermelhas... <...> O russo vê a todos os povos, delimitados nas fronteiras sem limites do Czarato de Norte, como seus irmãos, e até os Siberianos durante seus discursos de noite com frecuência usam a língua de seus vizinhos, Iakutos e Boratos. O cossaco arrojado de Cáucaso se casa com uma mulher dum aul Checheno, o camponês russo se casa com uma tártara ou mordovka, e a Rússia considera como sua gloria e alegria um bisneto do negro Hannibal <poeta nacional russo Púshkin>, quando os amantes de liberdade e pregadores de escravidão em América lhe negariam o direito da cidadania".
  
A assimilação também é uma característica de certas elites russas, que igual oo povo russo, se assimilavam às elites dos povos colonizados. Eu diria que as elites russas nas etapas de desenvolvimento se avatarizavam, mas continuavam construindo seu Império, sacrificando suas vidas igual ao povo russo, que suportava o peso principal do Império estranho.

Alexandr Etkind a pesar de sua visão critica do estranho imperialismo russo, reconhece o êxito da língua russa, como uma ferramenta de conscientização. "Quando os populistas russos, judeus-sionistas, ativistas muçulmanos se encontravam nas prisões de czar, eles discutiam a arte dos grandes escritores russos, de Púshkin a Tolstói. Olhando para trás a literatura russa parece uma ferramenta da hegemonia cultural extraordinariamente exitosa. Com seus clássicos, hereges e críticos a literatura russa conquistou mais admiradores entre os russos não russos e inimigos da Rússia do que outros empreendimentos do Império. Ao estandardizar a língua, ao criar um círculo comum dos significados e de tal jeito ao reunir seus leitores multilíngues, a literatura resultou um patrimônio muito valioso. Os czares e censores pouco entenderam e pouco valorizaram isso. Por isso o Império caiu, mas a literatura o sobreviveu".

Páthos anti-imperial de radicais e sectários

Tanto os ocidentalistas como os eslavófilos partiam da necessidade de superar o Império, inspirados nas idéias de Iluminismo, revolução americana, crítica da política britânica na Índia e antes de tudo, na rebelião polaca contra o Império Russo! Apoteose desta tendência foi a escola do historiador radical marxista Mijail Pokrovski (na etapa da chefia no partido de V.Lenine), quando, grosso modo, os líderes russos como Alexandr Névski ou Dmitri Donskoi se qualificavam como "inimigos de classe". Para a primeira fase da Revolução Russa o Império Russo foi uma "prisão dos povos".

É curioso que os radicais revolucionários também vissem os sectários religiosos (oponentes da Igreja Ortodoxa Russa) como um recurso da futura revolução. Mijail Bakúnin dizia que desde os tempos antigos o socialismo foi um modo de viver para os camponeses, sectários e ...gangues de ladrões. Os elementos anti-estatais se confundem com os elementos anti-imperiais. O anarquista Bakúnin foi um dos pais da Revolução Russa, quem inspirou o movimento dos populistas, intelectuais que dedicavam sua vida à educação do povo. Os populistas e seus seguidores socialistas-revolucionarios consideravam a "comunidade de camponeses" como um núcleo da futura sociedade de justiça. Contrariamente os liberais e social-demócratas (bolcheviques de Lenine também) achavam que a "comunidade" é um elemento arcaizador que deveria ser destruído. Nos termos de Alexandr Etkind Lenine poderia-se dizer que a decolonização dos povos da Rússia deve ser feita através da descoletivização. O governo do Império sem entender isso muito bem, compartía a visão dos liberais e social-democratas euro-centristas (na Europa a comunidade já foi destruida, os camponeses se atomizaram e foram embora para as cidades, onde se tornaram operários!). O filósofo Serguei Kara-Murza até chamou ao primeiro-ministro de Nikolai II Pyotr Stolypin "o pai da revolução russa", porque Stolypin mediante a pauperização dos camponeses e estimulação da saída de comunidades quis liquidar as comunidades de camponeses e criar uma nova burguesia de campo. Sua reforma contraria ao espírito de povo fracassou absolutamente e no contexto de I Guerra Mundial levou o país para 2 revoluções de 1917, que se acabarão com o triunfo de "comunidades de camponeses", modernizados até os "koljozes" no campo e "coletivos de operários" nas cidades.

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вторник, 27 октября 2015 г.

Como os russos nos vestimos para o inverno

Somos um país do inverno, quando tudo está colorido branco e preto, o ar é puro, as curvas femininas estão escondidas pelos abrigos de pele, não se pode ver as formas das pessoas, sómente os olhos. Você consegui imaginar isso? Milhares de rostros lindos navegando sobre a neve! Os turistas deveriam visitar a Rússia só pelos invernos!

Mas o inverno é frio. Atenção: o frio é diferente. As temperaturas no Norte da Sibéria chegam até -50 graus, esse frio até destrói o esmalte dos dentes. Por isso a maior parte do povo mora no "Sul": entre Paralelo 70 N e Paralelo 50 N. 

É absurdo comparar a Rússia com o Canadá: 97% da população do Canadá mora ao Sul na Latitude 55 N (a mesma de Moscou). Enquando a Rússia tem 9 cidades com mais de 1 milhão de pessoas ao Norte da Latitude 55 N (sem falar de 7 cidades, onde moram mais de 500 mil habitantes, também localizadas à cima da latitude de 55 N).

O frio da Sibéria, geralmente, é um pouco mais seco que na parte central. Faz menos de 30°, mas ao mesmo tempo faz sol e é muito alegre. O frio de Moscou é úmido. Quero dizer que embora que faça entre menos 5 e menos 10, pelo efeito da umidade e também pelo vento, o inverno de Moscou é bastante frio. Pessoalmente prefiro o frio da Sibéria.

O inverno é lindo, mas o inverno nunca foi aliado da Rússia. Os mongóis atacavam nos invernos, quando os rios congelados viravam rodovias perfeitas. Os nazistas também continuaram seu avanço durante o inverno (depois de uma pausa no outono, quando tanto os nazistas como os russos ficamos paralizados pela lama das rodovias). Meus caros amigos, o mito sobre General Inverno é tão popular no Ocidente sómente para justificar os fracassos terríveis dos agressores: para dizer que não foram os russos que venceram, senão um tal General Inverno... Kkkkkkk. Como se os europeus dirigidos por Napoleão ou por Hitler fossem tão idiotas que não sabiam que na Rússia faz frio. É ridículo. 

Nós russos não somos extraterrestres, cada novo inverno é como a primeira vez. Nunca estamos preparados 100%. Sofremos por causa do frio igual as outras pessoas. Sómente temos que gastar muitos recursos para aquecer nossas moradias, fábricas, estábulos de animais (por isso centralizamos a calefacção, que foi um êxito reconhecido mundialmente).  Temos que comer bem para caminhar pela neve até o carro/ônibus/trolley/bonde/metrô. Temos que trocar os pneus dos carros para o inverno, etc.

E também temos que gastar dinheiro para comprar um conjunto de roupas de inverno!

As roupas de inverno não produzem calor, mas elas ajudam a conservar melhor o calor do nosso corpo. Não importa qual temperatura faz "fora de seu corpo": -1 ou -30, a tarefa da roupa é conservar seus 36 graus. Usamos o mesmo casaco para -10 e para -30. Mas é importante ter várias camadas de roupa, para que o efeito de termo seja melhor. Quanto mais frio faz, mais camadas de roupa usamos:

1) roupa térmica
2) calças ou saias de lã, veludo ou outro material denso, "quente" e a prova de vento, calças de esporte de inverno
3) suéter/agasalho
4) casaco com capuz de inverno (este casaco deve ter de isolamento de algodão grosso/pena de ganso/fluff artificial, etc.)
5) chapéu de inverno (pele ou qualquer outro isolamento)
6) botas impermeáveis de inverno (pele ou qualquer outro isolamento)
7) cachecol e luvas

Você pode comprar a roupa de inverno num shopping russo indo em taxi de aeroporto justo para este shopping. E se você não vai ficar na Rússia por muito tempo, você pode comprar a roupa de inverno numa loja de uniformes (para os operários) - esta roupa de inverno não é muito linda, mas é boa e barata. A melhor opção seria emprestar esta roupa de algum amigo.

Como diz um provérbio russo: "Um Sibériano não é uma pessoa que não sente frio, mas que sabe como se vestir bem".


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четверг, 1 октября 2015 г.

"Modelo russo da gerência"

Já se sabe bastante sobre os ciclos de desenvolvimento: são best selleres mundiais as obras de Broudel e Arrigi. Também é famoso e muito citado o economista russo Kondrátiev com seus “ciclos econômicos largos”. Neste blog nós apresentamos antes as teorias geniais de cliodinâmica (história matematizada) de Serguei Nefiódov e Andrei Turchin e geralmente escrevemos muito sobre o ciclismo da história russa.

Hoje lhes queremos ofereçer uma revisão do livro de Alexandr Prójorov “Modelo russo da gerência”. Este ensaio bastante superficial foi republicado na Rússia 10 vezes (!) e a interpretação de Alexandr Prójorov esta virando uma moda igual à interpretação vulgar do desenvolvimento da cultura russa de Andrei Paperni. O modelo de Alexandr Prójorov esta fundamentado em 2 fatores:

1) o fator climático

A Rússia é um dos países mais frios do mundo, por isso a idiotia milhenar da vida de camponeses russos gerou 2 regimes de trabalho: a mobilização radical de verão (3 meses) e a estagnação de inverno (6 meses). O trabalho de verão é tão duro, que 80% de bebês nascidos no verão morriam, diz Alexandr Prójorov num video. As mães não tinham nem tempo nem leite para sustentar estas crianças. O verão requer uma mobilização de todos os recursos para um período curto: a gente demonstra os milagros de trabalho COLETIVO 24 horas por dia.


Assim, o modelo russo da gerência regeita as relações de concorrência, como "um luxo que exige grandes recursos". À primeira vista tal modelo virou uma norma por causa da pobreza e ameaça permanente de guerra.

"...É certo que a concorrência conduz para uma atividade cada vez mais efetiva, mas a cada momento concreto ela não deixa usar os recursos dados completamente... Em contrapartida, a luta de concorrência temporariamente retira uma parte de recursos de circulação".

Durante as guerras feudais as tropas sofrem perdas de homens, que poderiam ser usados em proveito do Estado; a concorrência descontrolada de latifundiários pela mão de obra leva à desapropriação das terras dos proprietários fracassados; a ruína dos camponeses, que trabalham mal, reduz a quantidade dos contribuintes; a ausência do planejamento centralizado provoca subutilização da capacidade de proudção de muitas fábricas, etc.

Não por acaso, nas condições da guerra ou crise até os países de mercado ativamente estatizam suas economias. E a Rússia quando não está em crise, está na guerra, é lógico, que nossa economia seja mais estatal do que de mercado, não tivemos recursos para nos permitir o luxo de mercado.

Êxitos do modelo russo da gerência:

- evacuação de emergência da indústria para os Urais e para a parte Asiática durante a Grande Guerra Patriótica contra a Europa de Hitler.

- a mobilização de Pedro I permitiu em 1705 aumentar os gastos militares em até 96% das rendas do país (para ganhar a guerra contra a Suécia).

- Ivão, o Severo para a Guerra de Livônia conseguiu crear o maior exército de Europa num dos países mais pobres. 

No entanto o fator climático não é tão fundamental como parece à primeira vista... O fator da tradição administrativa também é muito importante.

2) tradição administrativa

O Ocidente cresceu à base do feudalismo do imperio franco de Carlo Magno, - diz Alexadr Prójorov, quando Carlo Magno conquistou um território desenvolvido já, cristianizado e obediente à lei. Por isso sua administração é caracterizada pela descentralização em cima da sociedade e pela centralização ao nível local. A tradição administrativa na Rússia (anarquista, policonfessional, multiétnica) foi bem diferente.

«Os súditos pagavam os impostos só no caso da ameaça direta do uso da força militar».

Poliudie requer a necessidade da centralização superior em cima da sociedade, quando ao nível local os clasters da sociedade russa são bastante autônomos.

O triufo histórico da centralização estatal é provado pelos resultados da competência entra a Lituânia/Polonia e a Rússia, - resume Alexandr Prójorov.

P.S.

É interessante que o balançe de mobilização e estagnação também seja próprio para o Egito Antigo (czaratos e distúrbios), a China Antiga (imperios e zhànguó, períodos dos reinos combatientes), a Roma (dualidade entre império e república), a Europa Medival (imperio de Carlo Magno e reinos bárbaros). 

Mas onde a Rússia (Ásia) se separou do Ocidente? Alexandr Prójorov não dá resposta... Conforme o autor a Rússia é condenada à oscilação entre as mobilizações (totalitarismo, estalinismo, pedrograndismo, ivanoseverismo, etc.) e estagnações (sabotagem popular contra o grupo governante: corrupção, apoio passivo de golpes palacianos, etc.).

Geralmente o ensaio de Alexandr Prójorov tem um carater abertamente russofóbico e antissoviético, embora em suas palestras públicas o autor sempre sublinhe que, se nosso estado conseguiu viver 1100 anos, isso quer dizer que nosso modelo ainda é adequado. 

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понедельник, 28 сентября 2015 г.

Sobre a romantização dos anos 90

Faz pouco nas redes sociais da Rússia aconteceu um flashmob sobre as memórias pessoais dos anos 90 do século passado. A ideia desta ação foi dizer que os anos 90 foram um período revolucionário, da quebra do "sistema", de muitas possibilidades, da Cultura 1, etc. Dizem, que o promotor da romantização dos anos 90 era a Fundação Boris Iéltsin e midia liberal, contratista deste Fundo.

Em primeiro lugar eu lembrei dos anos 80, quando eu tinha 5-9 anos. Aquela década foi muito segura. Eu brincava na rua as vezes até 23.30-00.00 e ninguém se preocupava muito com os moleques. Eu sentia que poderia sair do meu bairro e ir até o Leste Extremo, sem que nada de ruim acontecesse comigo. Me sentia dono de minha terra, amigo de todo o mundo. É curioso que até os dissidentes mais odiosos reconhecem este estado de confiança absoluta e de segurança, no qual se encontrava a sociedade soviética. Era normal falar com os desconhecidos. 

Porém os anos 90 para meus pais foram marcados por uma tragédia familiar com minha irmã. Em razão disso, fiquei bem distante deles emocionalmente e cresci autodidata. Lembro que a sociedade começou a se destruir. Se iniciou o vandalismo, havia bandos de crianças que jogavam bolos de argila e pedras nos ônibus. Eu participava nos ataques contra os jardins da gente de meu bairro - havia casas de verão em cada bairro periférico - as atacavamos. Isso não tinha sentido nenhum, porque minha família tinha próprio jardim, eu não precisava de maçã, mas estas aventuras viraram uma normalidade. Na verdade, eu vendia as maçãs do meu jardim no mercado de bairro e com este dinheiro comprava livros. Nosso jardim foi queimado por um indigente que morava lá no inverno. Todos estes jardins que ficavam muito perto do nosso prédio foram liquidados - lá agora passa uma rodovia nova.

No porão de minha escola abriram um clube de vídeo, onde nos mostravam Tom e Jerry, filmes sobre Bruce Lee e também muita pornografia. Eu não entendia nada desse negocio, mas obviamente aquilo era muito popular. A sala estava sempre lotada de alunos, sentados em cadeiras muito desconfortáveis diante dum pequeno televisor.

Quanto aos meus pais, que eram músicos duma filarmônica estatal, lhes pagavam uma vez por ano. Para a gente sobreviver as empresas e instituições estatais deram a seus trabalhadores ...terras. Assim meus pais-músicos tinham que transformar-se em camponeses. Desde a primavera até o outono, em cada fim de semana viajavamos de ônibus por uma hora até uma mina abandonada de carvão (no ônibus nunca havia assentos livres para me sentar). A rodovia era muito ruim, me asfixiava com a poeira e depois de descer do ônibus havia que caminhar uns 45-60 minutos por um pântano... Até o lugar onde tínhamos nossos dez acres de terra com o aguaduto de verão. 

Nos outonos, depois da campanha anual de colheita, eu tinha um pouco de tempo livre e viajava pela cidade... Eu gostava de atacar uma fábrica militar semi abandonada - roubávamos alí poeirento para fabricar pequenas bombas, etc. Todo o processo era muito perigoso e também muito excitante.

Lembro que havia muitos rapazes ali que roubavam também tinturas para se intoxicar como cheiro dos compostos químicos. Por todas as partes da cidade andavam crianças abandonadas, escondendo em sua roupa sacos plásticos com tintura, acetona ou cola. Meu bairro se degradava rapidamente. Num inverno pela noite, eu voltava para casa e então vi uma jovem chorando, sem calças. Ela tinha sido violentada, mas eu, como era pequeno, não pude entender isso. Outra vez com meu pai saímos para visitar uma amiga dele e vimos uma briga de umos 30 homens contra 2. Os dois se defendiam, usando um aquecedor de ferro fundido... Acho que os 30 ganharam e assassinaram a estes 2. 

Meus vizinhos de casa perdiam o emprego e se alcoolizavam, mas não todos. Também apareceram alguns carros de chique no pátio. Um vizinho, que era um chefe local do sistema penitenciário virou um milionário (explorava aos presos e tinha amizade com os padrinhos da máfia). Antes dos 90 éramos muito amigos deste senhor. Sua filha era 10 anos maior do que eu, mas eu queria me casar com ela: a garota era simpática, gostava de brincar comigo. Depois que seu pai virou milionário, deixamos de pensar sobre nosso casamento. Ela se apaixonou por um viciado depois. 

A criminalidade crescia cada vez mais no bairro, na cidade e no pais. Uma senhora, que conheci no ônibus de 2 horas para as terras infernais de sobrevivência me convidou a apresentar os exames a uma das melhores escolhas da cidade (ela trabalhou naquela escola e se preocupou com o meu futuro).

Assim, troquei de escola. Se não tivesse feito esta troca, acabaria na prisão como muitos amigos do meu bairro. Claro que fui infeliz na nova escola, a maior parte dos alunos eram "juventude dourada" e eu tinha que brigar com ela cada dia. Alem disso, a nova escola ficava longe de casa, no centro da cidade. Uma vez estava esperando o ônibus e vi uma mulher indigente se urinar na parada de ônibus, ela se assegurou sobre um quiosque e uma poça amarela apareceu na neve debaixo dela. Isso aconteceu no centro da cidade, diante da casa do governador. 

Claro, que como eu virei muito radical, estava perto do Partido Nacional-Bolchevique, Partido Comunista e outros movimentos patrióticos. O presidente Iéltsin, o Bêbado, o governador de meu estado e o prefeito de minha cidade foram meus inimigos pessoais. O governador, renegado do comunismo, ditador asiático Aman Bashi Tuleev, começou investiga-me. Meus vizinhos foram interrogados pelos oficiais da polícia secreta e havia pressão sobre meus pais. É muito irônico, que meu governador era um dos "melhores" - roubava menos que outros, e era mais efeitivo. Simplesmente eu não sabia que as coisas estavam muito piores em outras regiões da Rússia. 

Eu mudei de cidade para uma maior, onde ingressei na universidade. Em 1999 os EUA bombardearam a Servia e até os idiotas mais lavados entenderam o que aconteceu no mundo. Outra vez reaparece a fome e eu lembro que para minha universidade uma ONG dos EUA levou vários caminhões com ajuda humanitária: azeite, conservas, etc. - das reservas expiradas do exército americano. Se iniciaram as facções protestantes, adição da droga e do alcoolismo - formas diferentes de escapar da realidade. Não havia dinheiro, trabalhavamos nas obras. Lembro que eu comia muitos cogumelos, samambaia - as coisas da floresta, onde ficava a minha universidade. Era totalmente perdido, igual aos outros 140 milhões de russos. 

Mas ou menos assim foram os anos 90 na Rússia.

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воскресенье, 6 сентября 2015 г.

Se era melhor a vida na época da URSS ou hoje?

russofobia na arte contemporânea
Com frequência recebemos a mesma pergunta, se era melhor a vida na época da URSS ou hoje?

Claro que é uma pergunta pouco razoável: o mundo está mudando constantemente, aparecem coisas que antes simplesmente não havia nem na URSS, nem em nenhum lugar: a internet, telefonia móvel, inovações tecnológicas na conservação de alimentos o que permite consumir durante o inverno os produtos do verão, etc. São coisas rotineiras que antes não existiam não somente na URSS, mas em nenhum lugar. O turismo como um fenômeno novo, motivado pelo surgimento da classe média nos países pereféricos. Tudo isso: a internet, telefonia móvel, supermercados enormes, turismo latino e chinês, etc. viria sem dúvida à URSS iguais aos que vieram à Rússia atual, como vieram estas coisas à China.

A diferença entre a URSS e a China é que a URSS quebrou e está sangrando e a China ainda segue crescendo.

Tenho 33 anos, tenho minha experiência pessoal de vida na Rússia atual, posso sentir a vida com minha pele (sou da Siberia, morei em diferentes cidades, ultimamente vivo em Moscou), e além disso tive muitas conversas com meus pais, tios, avôs, com pessoas de diferentes regiões da Rússia, com meus chefes, meus empregados, com estrangeiros que moraram na URSS, etc. E minha conclusão é que o nível de sofrimento na Rússia atual é muito maior que na época da URSS.

Como intelectual tenho acesso às estatísticas e para mim é obvio que o consumo de qualquer coisa, incluindo a liberdade, na Rússia atual caiu igual à expectativa de vida dos russos.

Qualquer pessoa que protagoniza em público com as cagadas anti-soviéticas simplesmente quer dizer que não sabe muito, que não tem nem cérebro, nem coração, que está influenciada pela imprensa amarela, que está manipulada pela gente que está satanizando o período soviético e procura legitimar a atualidade. São burros que dão pontapé em leão morto. O próximo passo depoís de chegar até o antisovietismo é uma russofobia absoluta: "não somente o período soviético era uma desviação civilizatoria, senão toda a história da Rússia é um erro".

Mas ao mesmo tempo eu reconheço que a autocrítica exagerada ou com outras palavras o "autocagadismo" não é só um fenômeno típico russo. Acaso não é um "mainstream" entre os intelectuais estadunidenses dizer que os EUA são uma tumba da Europa e pelo estilo. Os mesmos europeus enterram sua Europa a cada século...

Estou lendo o ensaio de Susan Sontag sobre a fotografia: a autora entre outros exemplos pôs a obra de Michael Lesy sobre a vida rural nos EUA nos anos 1890-1910 - Wisconsin Death Trip (1973): os EUA de Lesy estão cheios de indivíduos, prontos a se enforcar nos estábulos, jogar as crianças nos poços, decapitar as suas mulheres, queimar as colheitas dos vizinhos - o país perdeu a sanidade mental não no Vietnã, mas uns 50 anos antes...

É uma noticia ruim para nossos liberais - o Ocidente não é um modelo a seguir, as coisas são muito mais complicadas.

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четверг, 9 июля 2015 г.

Horda Tour, 11 dias/10 noites

Moscou - Nizhni Nóvgorod - Cazão - Volgogrado - Taskent -Samarcanda - Bujará - Taskent – Moscou 

Depois de conhecer Nizhni Nóvgorod, que parece Moscou sem viver o século XX, viajamos à Cazão, a antiga capital do Kahanato dos Tártaros de Cazão. Os tártaros de Cazão eram aliados dos mongóis e eram tão poderosos, que os russo chamavam os mongóis de "tártaros". 

De Cazão voamos a Stalingrado, que por certo fica muito perto da antiga capital da Horda de Ouro! Que simbólico: na batalha de Stalingrado a Horda de Ouro, a Terceira Roma, Roma Tártara (a URSS) triunfou sobre o Terceiro Reich. 

O seguinte trecho de nossa viagem é Uzbequistão, o país que obteve seu nome do khão Uzbek, cujo governo marcou a máxima prosperidade da Horda de Ouro. Conhecemos o lado asiático da cultura russa. Conhecemos Samarcanda, uma das cidades mais antigas do mundo (contemporânea da Roma Antiga), durante mais de 2 mil anos Samarcanda era o ponto chave do antigo Caminho de Seda. São temas de Tamerlão e da decadência da Ásia, que continua sendo uma região muito importante, sendo o “ventre da Rússia” e interseção entre o Irã, a Índia, a China. “Balcãs da Eurásia”. O culto ao huesped, cozinha excelente, profusão de cores e também uma potencial instabilidade num futuro próximo (no marco do plan do Grande Oriente Médio). 

Amigos, peço disculpas pelas presentações de PowerPoint em espanhol, mas espero que isso não seja muito problemático para vocês, a ideia das presentações é dar um panorama visual e esquemático dos programas, as palavras as reservo para nosso encontro físico).

http://www.slideshare.net/VitalyLizov/horda-tour

Volga - Cáucaso Tour, 9 dias/9 noches:

Moscou - Nizhni Nóvgorod - Cazão - Volgogrado -Sochi - Cherquesk – Nazran´ - Grózni - Derbent - Mineralnie Vodi - Sochi – Moscou

Depois de fazer o turismo pelas cidades de Nizhni Nóvgorod, Cazão e Stalingrado, os convido a conhecer o Cáucaso Russo: falo das repúblicas étnicas da Karachaevo-Cherquéssia, Ingushetia,Chechenia, Dagestão.

É um tour de trem, o nosso trem é confortável e moderno, começamos nossa viagem transcaucásica desde a cidade de Sochi, capital das Olimpíadas do Inverno de 2014.

O Mundo do Cáucaso dentro da identidade russa é tão importante como o Mundo da Ásia – o Cáucaso é uma ponte à Turquia e Irã, à Asia Central, é uma pedra debaixo da qual enterramos a metade de nosso exército no século XIX. Ao mesmo tempo é uma das pedras angulares da Rússia.
Ecologicamente falando é um paraíso, antropologicamente é pura tradição, politicamente o Cáucaso representa a identidade guerreira. Se o rio Volga é a paz, as cordilheiras do Cáucaso são a guerra.


http://www.slideshare.net/VitalyLizov/volga-cucaso-tour-con-el-esquema-de-la-ruta

Grózni - Stalin Tour, 4 dias/4 noites

Grózni - Stalin Tour - 4 dias/4 noites, Moscou - Níjni Novgorod - Cazã - Volgogrado – Moscou

É um tour que há muito tempo recomendo a meus clientes. Lamentavelmente alguns dos turistas acabam comprando um Transiberiano “perverso”, que pula as fantásticas cidades de Níjni Novgorod e de Cazã e os leva sem paradas à cidade de Ecaterimburgo. Considero isso inadmissível!

Niznhi Nóvgorod é uma cidade parecida com Moscou sem viver o século XX, ela conservou seu Kremlin fabuloso, seu centro histórico parecido com o bairro de Kitai-Górod, tem um relevo de subidas e descidas, uma cidade maravilhosa. Na época soviética conhecida como Gorki, em homenagem ao escritor Maxim Gorki. 

A terceira cidade mais importante da Rússia depois de Moscou e São Petersburgo. Cazã – é a capital da República de Tartaristão, uma amálgama do mundo ortodoxo e do mundo do islã. A cidade-chave da Sibéria e também a chave de controle sobre o rio Volga. Basta dizer que Cazã é uma cidade por seu estilo semelhante à Catedral de São Basílio (na Praça Vermelha): São Basílio foi construída em 
homenagem à conquista de Cazã. A conquistou o primeiro czar da Rússia Ivã Grozni, conhecido como Ivã, o Severo (ou Ivã, o Terrível).

Volgogrado/Stalingrado - uma cidade-memória do confronto entre o fascismo europeu e o comunismo russo. A cidade, que antes tinha o nome de Stalin – a cidade-símbolo do stalinismo – da tradição estadista russa, iniciada por Andrei, o Amado por Deus, contraída por Ivã, o Severo, Pedro, o Grande, Nikolai I, Alexandre III e continuada por Stalin no século XX. Em certo sentido Stalingrado 
foi a capital espiritual da URSS.


пятница, 5 июня 2015 г.

Por que em Moscou é tão importante morar a 15 minutos do metrô?

Os preços dos alugueis em Moscou variam de acordo com o tempo que os inquilinos demoram em andar da casa até o metrô. A questão é que depois do alerta do serviço de Defesa Civil os moscovitas têm somente 15 minutos para se refugiarem no metrô. O metrô de Moscou está protegido contra bombardeios atômicos, claro. 

A partir do pós-guerra, os túneis, as próprias estações e os dutos de ventilação foram construídos providos de portas herméticas. Todos os funcionários do metrô são instruídos a como atuar no caso de um possível bombardeio (muitos se perguntam para que há tantas mulheres idosas vigiando as escadas rolantes - justamente para ajudá-los a sobreviver no inverno atômico!). O metrô mais bonito do mundo é também imune às armas químicas e biológicas. Os saguões subterrâneos (lacrados, no caso de uma agressão) têm reservas de combustível, água, comida enlatada, etc. para 2 dias.

Este fato inspirou o jovem escritor russo Dmitry Glukhovsky a criar o mundo anti-utópico de "Metrô 2033", um mundo pós guerra atômica, onde a humanidade salva-se nos sistemas subterrâneos do metrô. As diferentes linhas guerreiam uma contra as outras pelo controle sobre os combustíveis. O negocio principal é o cultivo de cogumelos e porcos adaptados à escuridão. É um mundo de mutantes e ratos, iluminados com holofotes, onde o dinheiro são balas de Kalashnikov, e as pessoas andam com blusões acolchoados.


A novela do gênero diesel-punk não está livre dos estereótipos russofóbicos e anti-soviéticos, ainda mais multiplicados pelo mito do metrô mais lindo do mundo, estes estereótipos fizeram a obra bastante popular. Foi traduzida para o português.

«”Hansa” era o nome com se popularizara a Comunidade das Estações da Linha do Círculo. Estas estações estavam localizadas nos cruzamentos de todas as outras linhas e, por isso, no meio de todas as rotas comerciais». 

«...a linha <vermelha> atraiu as pessoas nostálgicas do glorioso passado soviético... Os veteranos ainda vivos, os antigos homens saídos do Komsomol, a Juventude Comunista, os dirigientes e militantes do Partido Comunista e os membros permanentes do proletariado reuniram-se todos nas estações revolucionárias... As estações repescaram os seus velhos nomes da era soviética...». 

Quando os neonazistas tomaram a estação Pushkinskaya, onde formaram “O Quarto Reich”: «...até lhe querem mudar o nome para Hitlerakaya ou Shchillerskaya... O Metro é para os rússos! Pretos para a superfície! Cada homem é um soldado e cada mulher é mãe de um soldado!». 

«...a estação da Universidade <aislada pelo rio Moskva> não teria sido destruída... E alguns dos professores, tal como alguns estudantes, conseguiram salvar-se nessa estação. Havia uma espécie de abrigo nuclear sob a própria universidade, mandado construir por Estaline, e eu acho que também havia ligações ao Metro através de túneis secretos. Mas agora existe lá outro tipo de centro intelectual... Quem esta no poder são pessoas cultas e é um reitor que governa as três estações... Os estudos, aí, não pararam... E a cultura não morreu...».

câmara de protecção de bebé


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воскресенье, 31 мая 2015 г.

Consultorio Robotizado

Meus caros amigos, ultimamente eu recebo muitas cartas, e para responder gasto cada vez mais tempo.
Lamentavelmente há gente que acha que somos um “consultório robotizado”, não está certo) Sou uma pessoa real e minhas respostas consomem meu tempo, que eu poderia dedicar a minha família.
Mas como as perguntas são bastante parecidas, eu achei que “robotizar” as respostas seria uma boa ideia)
Por favor, entendam- que guiar aos estrangeiros por Moscou é meu trabalho. Se vocês simplesmente quiserem falar sobre as opções de uma teórica viagem à Rússia, vocês podem se registrar na página de Tripadvisor e aproveitar essa ferramenta de intercambio das experiências de viagens.
Ser guiado é um privilégio, portanto os serviços de guia custam dinheiro. Se sua tarefa é economizar, antecipadamente lhes dou as seguintes dicas:
1) O city tour gratuito é assim chamado “Free Tour”, em cada hotel vocês verão as ofertas deste programa. A ideia de “Free Tour” é juntar muita gente, guiá-la umas 2 horas andando pelo centro da cidade e logo oferecer outros programas mais interessantes, desta vez pelo dinheiro. O “Free Tour” não é “free”, é uma forma de vender outros tours. Claro, o conteúdo do “Free Tour” é bastante chato e limitado. Não acho que valha a pena gastar tanto dinheiro em avião para fazer um Free Tour medíocre. O nosso city tour é de 4 horas, em carro, muito mais informativo e interessante.
2) Para até 3 pessoas pode ser bastante interessante a opção de “Hop On Hop Off”. Para 3 pessoas o custo de “Hop On Hop Off” já é quase igual a um city tour de carro real. Para 4 pessoas o “Hop On Hop Off” não faz sentido, porque um city tour de carro real é mais econômico. Um city tour de carro real cobre mais artefactos históricos, é mais exclusivo e mais interessante, enquanto que o “Hop On Hop Off” é somente um jeito de conhecer o centro da cidade. Às vezes eu recomendo a meus turistas (que queiram economizar) conhecer o centro com ajuda do «Hop On Hop Off» e logo lhes mostro as periferias da cidade por carro (Parques de Moscou, 4 horas).
3) “Onde consigo o ticket pra o ballet bolshoi?” Se não puder comprar pela página do Teatro Bolshoi, então, só medio dos revendedores, que andam pela Praça Vermelha e também sempre estão ao lado das caixas do Teatro.
Obrigado,
Vitaly

пятница, 8 мая 2015 г.

Sobre a profanação da 2GM

Não é de se surpreender que o Ocidente menospreze o protagonismo da Rússia (a URSS) na Segunda Guerra Mundial. No resultado desta campanha vergonhosa a maioria dos cidadãos do Ocidente e de sua órbita “cultural” acham que a Segunda Guerra Mundial foi iniciada pelos monstros totalitários: a URSS e a Alemanha Nazista em 1939 - com a partição da Polônia, e que a guerra foi finalizada pela vitória dos EUA com o desembarque na Lua. É triste, porque nos primeiros anos após a guerra, a contribuição fundamental da Rússia era indiscutível, mas também o monopólio atual de Hollywood sobre a vitória é lógico: porque a Rússia ficou fraca e não conseguiu se defender adequadamente no campo informativo-memorial. 

Seja como for, o quadro fantástico pintado pela propaganda dos EUA se destrói com uma só pergunta: por que os "heroicos" aliados da URSS abriram a segunda frente apenas no final da guerra - em 1944?

A Campanha Norte-Africana de 1940-1943 e aInvasão Aliada da Itália em 1943 não podem ser um argumento sério, porque sua escala é incomparável com a situação na frente russa. É pouco provável que haja fanáticos que vão refutar este fato, mas temos que aceitar que quanto mais degradação intelectual vivermos, mais provável será a distorção destes enredos. Por ora uma das formas mais "populares" da profanação da vitória é o lend lease

A ajuda dos aliados no marco do lend lease se estendia de 4 a 10% das possibilidades da URSS. Deixamos passar em branco o fato de que os aliados não cumprissem com suas promessas sobre os volumes de fornecimento de armas, que seus armamentos em muitos casos já não eram atuais tecnicamente. “Já para a primaveira de 1943 as Forças Armadas dos EUA superaram os nossos 8,5 mlhões soldados, - escreve o historiador russo Boris Iúlin, - eles tem uma fortíssima indústria militar. E isso, só nos meados da guerra. A Inglaterra (sem contar as colônias e domínios) tem 4,8 milhões. Junto com a URSS a coalizão anti Hitler tem o dobro superioridade sobre o inimigo em terra e quatro vezes no mar e no ar. O que os atrapalhou de eliminar o inimigo com os golpes decisivos e acabar com a guerra? A URSS, na primavera de 1943, manteve em frente mais de 6 milhões de soldados – quando os aliados, que são duas vezes mais numerosos, tinham à sua frente menos de 1 milhão...

Tudo é certo – “que estes russos e alemães matem uns aos outros tanto quanto possível!”. Assim, nossos “aliados fiéis” não precisariam abrir uma segunda frente em 1942 e, ao invés disso, prometeram fazê-lo em 1943. Porém, eles não o fizeram em 1943, mas juraram em Teerã que o fariam já na primavera de 1944... Como resultado, uma segunda frente é aberta no verão de 1944, quando a eliminação da Alemanha já é evidente para todos.

Na guerra de coalizão a ajuda real pode ser uma só: as ações ativas de combate em larga escala. Não foram os aliados que nos ajudaram, mas sim nós que os ajudamos. Nós assumimos por eles a carga das principais ações de combate.

Mesmo se o lend lease não fosse de 4-10%, mas de 100%, e estes fornecimentos não fossem por dinheiro, mas sim de graça, do mesmo jeito isso não mudaria a realidade de que fomos nós que ajudamos os aliados, morremos por eles.

Seria melhor se as armas que eles nos mandavam fossem usadas na Europa pelas mãos dos soldados estadunidenses e ingleses. Essa seria uma ajuda mais adequada por parte deles". [1.]

“Desde os primeiros dias da guerra, Stalin solicitava raivosamente dos aliados anglo-americanos que abrissem imediatamente a segunda frente, - escreve o historiador Arsen Martiroçian. – Em resposta a Grã-Bretanha ofereceu-lhe permissão para introduzir suas tropas na Transcaucásia – com o baixo pretexto de proteção dos reservatórios soviéticos de petróleo. Os EUA ofereceram que lhes alugassem os aeródromos soviéticos no Oriente Extremo”. [2.]

Lembrando da ajuda "sangrenta e desinteressada" dos anglo-saxões durante a Guerra Civil, quando tivéramos que expulsar os invasores com força, estas ofertas foram rejeitadas. Os britânicos não queriam derramar a sangue e continuaram oferecendo seus serviços de guardas para os centros soviéticos da produção e processamento de petróleo (86,5% foram concentrados na Transcaucásia (Bacu) e no Cáucaso (Grozni). 

A oferta dos EUA não foi menos vil e provocativa – se a URSS deixasse aos EUA alugar os aeródromos no Oriente Extremo, ela automaticamente violaria as condições do Pacto de Neutralidade de 13 de abril de 1941. O Japão declararia a guerra à URSS! 

Resumindo - a ajuda dos aliados é tão vergonhosa como sua instigação da guerra [3.]. Não falamos aqui sobre a colaboração em massa dos países ocupados pelos Nazistas nem sobre a evacuação de certos capos de Nazistas e seus colaboradores no pós-guerra para o Ocidente.

2. Arsen Martirosian “200 mitos sobre Stalin” 
3. http://guiademoscou.blogspot.ru/2015/02/2gm-refresquemos-memoria.html

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